Emprego

Indústria tem crescimento de empregos, mas ainda amarga deficit

Em 2022, pelo terceiro ano consecutivo, a quantidade de ocupações na indústria aumentou, segundo IBGE. No entanto, setor perdeu 45 mil postos de trabalho em 10 anos

O setor industrial brasileiro tenta se recuperar de uma década marcada pelo aumento do desemprego na categoria. Nos últimos três anos, há aumento do número de pessoas ocupadas na indústria, como indica a Pesquisa Industrial Anual (PIA) Empresa 2022, divulgada nesta quinta-feira (27/6) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Somente no ano retrasado, houve um acréscimo de 213,4 mil empregados (2,6%).

Apesar do aumento, o setor ainda não se recuperou da crise iniciada durante o governo da ex-presidente Dilma Rousseff, quando a indústria perdeu mais de 1,2 milhão de empregos em apenas três anos (2013 a 2016). Somente a partir de 2021, houve um crescimento mais expressivo de postos de trabalho, quando o número de empregados voltou a ultrapassar 8 milhões de pessoas. Em 2022, a pesquisa mostra que havia 8,3 milhões de postos preenchidos no setor.

A maioria absoluta (97,3%) dos empregados trabalha nas indústrias de transformação (quando, a partir da matéria prima, é confeccionado o produto), enquanto apenas 2,7% fazem parte da indústria extrativa (quando a matéria prima é extraída diretamente da natureza). De 2021 para 2022, as indústrias extrativas registraram crescimento de 6,9% no volume de ocupações, enquanto as indústrias de transformação tiveram aumento de 2,5%.

A pesquisa também mostra que apenas cinco atividades concentraram quase metade (46,5%) do total de mão-de-obra da indústria em 2022. O principal ramo são os alimentos e bebidas, que representaram 22,8% do total, e foi o único a ampliar a participação na força de trabalho industrial na comparação com 2013, com aumento de 3,7 pontos percentuais (p.p.).

Na sequência, aparece a indústria de vestuário, que respondeu por 7% de todo o pessoal ocupado na indústria neste ano. Completam a lista, os setores de fabricação de produtos de metal, exceto máquinas e equipamentos (5,9%), fabricação de veículos automotores, reboques e carrocerias (5,6%) e fabricação de produtos de minerais não-metálicos (5,2%).

Mais empresas

Apesar do número de postos preenchidos ser ainda menor do que no início da década passada, a quantidade de empresas do setor industrial atingiu o maior nível desde 2007, com um aumento de 12,9% em relação ao período pré-pandemia. Ao todo, em 2022, o Brasil alcançou a marca de 346,1 mil empresas dentro do ramo.

“Os resultados da PIA 2022 estão inseridos em um contexto de recuperação da indústria brasileira, com a retomada do crescimento econômico e o arrefecimento da inflação”, explica Synthia Santana, gerente de Análise Estrutural do IBGE. No mesmo ano, a receita líquida de vendas alcançou R$ 6,7 trilhões (ou cerca de 68% do PIB).

Do total de receita do setor, R$ 436,8 bilhões correspondem às indústrias extrativas, enquanto R$ 6,2 trilhões foram obtidos pelas indústrias de transformação. As empresas com 500 ou mais pessoas ocupadas responderam por 69,1% da receita líquida de vendas em 2022, o que representa o maior patamar da série histórica da pesquisa.

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