Um dos principais desafios dos refugiados é encontrar oportunidade de emprego em um novo país. As chances de contratações são mínimas, já que metade (55,7%) das pessoas deslocadas à força estão desempregadas e, dessas que trabalham, cerca de 16% atuam de maneira informal. Os dados estão no estudo “Mercado de Trabalho para Pessoas Refugiadas no Brasil”, realizado pela recrutadora Vagas.com.
A pesquisa aponta que cerca de 12% dos profissionais entrevistados foram eliminados de processos seletivos por serem pessoas refugiadas; 8% já foram demitidos por serem pessoas refugiadas; 55% estão sem emprego; e 16% estão trabalhando de maneira informal. Além disso, 55% das pessoas refugiadas que estão trabalhando não atuam em suas áreas de formação ou experiência e 41% das pessoas enfrentaram dificuldades para procurar emprego no Brasil.
Oportunidades
Porém, mesmo com os desafios do mercado de trabalho para muitos brasileiros e para pessoas em refúgio, dados mostram que as empresas nacionais estão se dedicando em abrir oportunidades para recrutar, capacitar, contratar e desenvolver esse grupo de maneira formal e legalizada.
Com quase 700 pessoas em refúgio em seu quadro de colaboradores, a líder Global de CX, Foundever, em parceria com o Agência da Organização das Nações Unidas para Refugiados (Acnur), recruta, capacita e oferece plano de desenvolvimento para este grupo que é composto por mães solo, 50+ e jovens entre outras minorias.
Segundo a diretora de recursos humanos da Foundever, Adriana Wells, a empresa trabalha com refugiados há quase 10 anos. “Nós notamos que precisávamos mudar o modelo de recrutamento conforme fomos recepcionando os refugiados na nossa companhia”, disse.
“Uma das coisas que fizemos foi garantir o recrutamento de maneira remota, já que isso permitiu que pudéssemos fazer o processo seletivo com os refugiados na fronteira, chegando ao Brasil, em diversos estados ou, até mesmo, na Venezuela. Essa forma de recrutar traz um pouco de segurança, porque eles estão com uma expectativa de ter uma estabilidade que seu país de origem não ofereceu e ter o recrutamento de maneira remota ajuda. Uma outra adaptação que nós fizemos é efetuar 100% do recrutamento no idioma de origem dele”, explicou Wells.
Desafio
No Brasil, a grande maioria das companhias ainda não investe na admissão e capacitação de refugiados como se espera, e os próprios gestores notam isso. A pesquisa “Mercado de Trabalho para Pessoas Refugiadas no Brasil” perguntou aos recrutadores se as empresas em que trabalham já promoveram programas de contratação de pessoas refugiadas e mais da metade (57,1%) disse que não.
Em contraponto, ao serem questionadas se as organizações que trabalham estavam capacitadas para contratar pessoas em refúgio, a grande maioria (71,4%) das pessoas recrutadoras disseram que sim. O estudo identificou que talvez haja capacidade em admitir, mas faltam ações para colocar isso em prática.