CB DEBATE

Empreendedorismo ajuda a impulsionar o Nordeste

Dados do BNB revelam que o número de pequenas empresas cresceu 7% em 2023. Microcrédito tem se mostrado fundamental para expansão dos negócios na região

O crescimento da economia nordestina, acima da média nacional, pode ser explicado pela forte geração de empregos, em grande parte, creditada ao fomento do empreendedorismo, de acordo com executivos do maior banco de desenvolvimento da região, o Banco do Nordeste do Brasil (BNB).

"Uma das explicações para a gente estar observando esse número positivo (no Nordeste) na geração de empregos formais, foi o aumento de cerca de 7%, em 2023, no número de pequenas empresas. A microempresa tem a maior capacidade de gerar empregos formais de uma forma mais eficiente. Com menos reais investidos no fomento se consegue gerar mais empregos", afirma o gerente do departamento de pesquisa econômica do BNB, o Escritório Técnico de Estudos Econômicos do Nordeste (Etene), Tibério Bernardo. Em 2023, o Produto Interno Bruto (PIB) do país cresceu 2,9%, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Como o potencial de geração de empregos na pequena empresa é maior do que que o das grandes empresas, a atenção ao segmento contribui para o crescimento da região. "A microempresa não gera mais empregos porque é ineficiente, mas porque integra o setor de comércio e serviços, onde temos a maior concentração dos pequenos negócios e é mais intensivo o uso de mão de obra", observa o executivo.

O diretor de Negócios do BNB, Anderson Possa, destaca que o microcrédito para os empreendedores de pequeno porte cria um círculo virtuoso, formado por milhares de beneficiários de programas de transferência de renda, como o auxílio do programa Bolsa Família, que procuram empreender e com auxílio dos programas de microcrédito da instituição, conseguem progredir e posteriormente se formalizar como Micro e Pequena Empresa (MPE). "Muitos se tornam cases de sucesso, saindo do microcrédito de R$ 100, e, depois, tornam-se empresas, até mesmo de médio porte", ressalta.

Um dos exemplos citados por Anderson Possa é o da empresária Regina Araújo, ex-empregada doméstica, que costurava calcinhas para vender de porta em porta e complementar a renda da família em Fortaleza. Depois de algumas operações de microcrédito, a empreendedora conseguiu mudar o rumo da vida e, hoje, dedica-se ao negócio e se diz realizada. "Comecei com um empréstimo de R$ 100 para comprar tecido, e logo consegui fazer R$ 200. Depois, foram outros empréstimos, saí de três bolsas de jeans (de produtos) para 15, e, hoje, tenho seis pontos de venda em feiras. Vendo lingerie, pijamas, babydolls, produtos que dá para ter um bom lucro. Já mandei minhas calcinhas para diversos estados do Brasil, e até para a Noruega e para o Quênia. Também faço vendas pela internet", conta a comerciante.

Esse estímulo aos pequenos empreendedores acaba retornando aos cofres públicos com a ampliação da arrecadação. Em 2023, com os negócios estimulados pela instituição, R$ 992 milhões foi o saldo positivo de tributos, informa o presidente do BNB, Paulo Câmara. "O crédito gera impostos, movimenta a economia e, principalmente, reflete em mais empregos e mais renda", afirma.

O potencial econômico do Nordeste e as tendências para o desenvolvimento sustentável da região será tema do CB Debate, no próximo dia 19, organizado pelo Correio Braziliense com apoio do BNB, em Brasília. O evento será transmitido pelas redes sociais do jornal. Os palestrantes convidados, abordarão políticas públicas e oportunidades para a expansão regional.

 

 

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