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TECNOLOGIA

Bancos não ficariam de fora na transformação causada pela IA, diz Febraban

Presidente da Febraban ressalta a importância do uso da IA com responsabilidade e destaca que levantamento da entidade prevê que setor deverá investir cerca de R$ 47,5 bilhões em inovação neste ano

De acordo com Sidney, esses números fazem parte da 1ª etapa da Pesquisa Febraban de Tecnologia Bancária 2024, realizada pela Deloitte, maior organização de serviços profissionais do mundo, que será divulgada com detalhes na quarta-feira (27/6). -  (crédito: Reprodução da web)
De acordo com Sidney, esses números fazem parte da 1ª etapa da Pesquisa Febraban de Tecnologia Bancária 2024, realizada pela Deloitte, maior organização de serviços profissionais do mundo, que será divulgada com detalhes na quarta-feira (27/6). - (crédito: Reprodução da web)

São Paulo — Os investimentos em inovação fazem parte do coração dos negócios dos bancos e a inteligência artificial (IA) tem sido um dos principais temas das discussões dos executivos do setor, de acordo com o presidente da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Isaac Sidney. Segundo ele, essa ferramenta tem força “capaz de redefinir e mudar negócios, empregos e a própria maneira como interagimos com o mundo”.

“Posso reafirmar que estamos vivendo um tempo de transformação sem precedentes e os bancos não ficariam alijados nesse processo”, afirmou Sidney, nesta terça-feira (25/6), na abertura da edição de 2024 da feira de tecnologia bancária, Febraban Tech, na capital paulista. Ele destacou que o orçamento total dos bancos brasileiros destinados à tecnologia, englobando despesas e investimentos, deverá atingir, neste ano, R$ 47,5 bilhões, e 10% desse montante, ou seja, quase R$ 5 bilhões serão destinados à cibersegurança.

De acordo com Sidney, esses números fazem parte da 1ª etapa da Pesquisa Febraban de Tecnologia Bancária 2024, realizada pela Deloitte, maior organização de serviços profissionais do mundo, que será divulgada com detalhes na quarta-feira (27/6). A estimativa foi calculada com base nos valores indicados pelos bancos participantes. A pesquisa mostra que os bancos dobraram seus investimentos anuais em tecnologia em um período de oito anos, passando de R$ 19,1 bilhões, em 2015, para R$ 39 bilhões apurados no ano passado, uma alta de 104%.

A fala do presidente da Febraban antecedeu o painel de abertura com os principais executivos (CEOs) de quatro dos maiores bancos do país: Bradesco, Itaú Unibanco, Caixa Econômica Federal (CEF) e Santander, que debateram sobre o tema central do evento: A jornada responsável na nova economia da IA.

Papel relevante da IA

De acordo com os painelistas, a IA tem um papel muito relevante para acelerar o processo de desenvolvimento do negócio e melhoria no atendimento aos clientes. O presidente da Caixa, Carlos Vieira, por exemplo, destacou que a IA tem ajudado a acelerar os processos de avaliação de financiamento imobiliário, reduzindo o tempo de três dias para três horas. “Essa mudança no processo tem gerado uma economia diária de R$ 1 milhão”, afirmou ele, destacando a importância do tema do debate. “Existe uma percepção de redução de custo de processos quando se usa a IA nas organizações”, disse.

Na avaliação de Isaac Sidney, da Febraban, é importante que essa tecnologia seja utilizada de maneira ética, pois sua implementação traz desafios complexos. “A responsabilidade recai sobre os nossos ombros para assegurar que a IA seja desenvolvida e aplicada com rigor científico. A confiança dos nossos clientes e a integridade dos nossos processos dependem disso”, ressaltou o presidente da Febraban.

Marcelo Noronha, diretor-presidente do Bradesco, reconheceu que esse tema é muito sensível e os bancos do Brasil devem estar “mais bem posicionados”. Segundo ele, a instituição tem uma área com inteligência de dados desde 2016 e para o desenvolvimento da IA mais de 400 pessoas trabalham nessa área. “Estamos evoluindo muito nessa nossa governança”, afirma. Noronha disse ainda que o banco tem 1,6 mil colaboradores testando internamente uma evolução da IA generativa.

Para o presidente do Itaú Unibanco, Milton Maluhy Filho, “a IA é a próxima revolução tecnológica” e, nesse sentido, ela não é o fim em si mesmo, mas um meio para aperfeiçoamento dos serviços bancários, porque as aplicações em áudio, vídeo e voz “são infinitas”.

“Estamos diante, talvez, de uma nova revolução e a IA vai ter um papel muito relevante. Ninguém imaginava que ela chegava nessa velocidade de evolução. Agora, é preciso criar valor e melhorar processos e buscar eficiência em benefício para o cliente”, explicou.

De acordo com o executivo do Itaú, os bancos estão trabalhando para a modernização da plataforma de IA, que vai exigir, cada vez mais, que as bases de dados dos bancos estejam na nuvem como forma de aumentar a capacidade de processamento. “Chegou o momento em que estamos com as plataformas muito modernizadas. E chegamos ao momento em que todos os dados em nuvem é fundamental”, afirmou.

Riscos climáticos

Maluhy Filho, do Itaú, destacou que a área de tecnologia é fundamental para o negócio do banco e que a instituição tem cerca de 17 mil trabalhadores nesse setor. “Isso é para dar uma dimensão do que a área de tecnologia ganhou dentro do banco. Estamos nos transformando em uma empresa de tecnologia para entregar as melhores soluções e a IA vem para coroar esse processo”, declarou.

Assim como Maluhy Filho, o presidente do Santander no Brasil, Mário Leão, ressaltou a importância de uma agenda dos bancos mais preocupada com os riscos climáticos, para tentar evitar tragédias como a que ocorreu no Rio Grande do Sul. “A transição energética é uma agenda comum para a indústria bancária e temos que nos organizar para ajudar os clientes pessoa jurídica a neutralizar a cadeia”, defendeu Leão.

O executivo do banco espanhol lembrou também que assim como essa agenda de riscos climáticos, o uso da inteligência artificial “só fará sentido se houver benefícios para o cliente”.

Edição histórica

A edição de 2024 da FebrabanTech promete ser a maior da história, de acordo com os organizadores. O maior evento de tecnologia e inovação do setor financeiro vai até o dia 27 e conta com a participação de grandes nomes do setor financeiro nacional e internacional. A feira conta com 19,7 mil m2 de área construída, aumento de mais de 50% em relação ao ano passado. A área de exposição aumentou 20%, passando para 6.630 m². Ao todo, serão 226 áreas de exposição, bem mais do que os 188 de 2023. Além da IA responsável, Open Financen, Pix e a visão futura dos bancos na garantia da cibersegurança são alguns dos temas do evento.

A expectativa de público é de 16 mil pessoas por dia, totalizando 58 mil visitantes nos três dias do evento. Em 2023, a média foi de 15 mil visitantes diários.

*A jornalista viajou a convite da Febraban

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postado em 25/06/2024 13:57 / atualizado em 25/06/2024 16:36
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