Responsável pelo maior programa de microcrédito produtivo da América do Sul, o Banco do Nordeste (BNB),que atua no segmento há 26 anos,aposta no modelo como ferramenta efetiva para o combate à pobreza e o fomento do desenvolvimento econômico regional.Somente um dos programas do BNB, o Crediamigo, voltado para o meio urbano, emprestou R$ 10,64 bilhões em 3,6 milhões de operações só em 2023, o que ajudou a criar ou manter em torno de 431 mil empregos.
Segundo o superintendente do programa de microfinança urbana da instituição, Helton Mendes, são mais de 2 milhões de clientes ativos, como sapateiros, cozinheiras e costureiras, mas ressalta que a linha de crédito não é voltada para o consumo. Como microcrédito produtivo orientado, o diferencial do programa é estimular o cliente do financiamento a ampliar a produção e a empreender.
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“A metodologia que o banco atua é a produtiva e orientada, financiamos o investimento, e não o consumo. Tem toda uma metodologia por trás dessa operação, coma maior parte sendo feita em grupos, como de vizinhos, onde temos o que chamamos de garantia social”, ressalta Mendes.
O executivo ainda destaca que,apesar de oferecer a menor taxa de juros do segmento, a carteira segue lucrativa em função da baixa inadimplência que, historicamente, gira em torno de 2%. “O público da microfinança, em especial, do microcrédito produtivo, paga suas contas. Pode até atrasar um ou dois dias,mas corre atrás e paga suas contas”, disse ele.
A modalidade de financiamento, que hoje trabalha com uma taxa de 1,94% ao mês, é limitada a operações de até R$ 21 mil para empreendedores com uma renda de até R$ 360 mil anuais. Ele comemora que o programa, ao longo dos 26 anos, atingiu mais de 30 milhões de pessoas, emprestando mais de R$ 120 bilhões e, com isso,mudando a vida de muita gente.
“Tem cliente que começou comum empréstimo de R$ 100 para comprar açúcar para produzir bolos e doces que vendia de porta em porta. Hoje, essa cliente tem a melhor confeitaria da cidade e, no último contrato que ela fez com agente, financiou mais de R$ 18 mil reais para continuar crescendo”, exemplifica o executivo.
Microcrédito Rural
Com o programa Agroamigo, o banco tem cerca de 1,4 milhão de famílias como clientes na modalidade rural. Assim como na cidade, o microcrédito rural tem um importante poder transformador, segundo es especialistas do BNB, especialmente para 76% desses clientes que estão inscritos no CadÚnico — muitas recebem o auxílio do Bolsa Família.
Para o superintendente do programa Agroamigo, de apoio ao agronegócio e micro finança rural, Luiz Sérgio Machado, o programa de microcrédito é, além de econômico, social.
“A gente aprende que emprestar para pobre é um bom negócio tanto do ponto de vista econômico quanto do social. Temos 99% dos nossos clientes antigos dizendo que, depois do microcrédito orientado, melhoraram de renda, melhoraram de vida”,destaca o executivo.
O Agroamigo Crescer, que concentra 90% dos financiamentos, é gerido pelas regras do Pronaf B, atendendo à agricultura familiar com rendimento bruto de até R$ 40 mil por ano. Mesmo os valores pequenos das operações, de até R$ 10 mil, muitos produtores conseguem ampliar a produção com a implementação de técnicas simples, como na irrigação para a produção de leguminosas e hortaliças.
“Estou falando de uma área de 1 ou 2 hectares, é comum pegar um empréstimo do microcrédito de R$ 10 mil para irrigar meio hectare de uma horta que consegue uma produtividade de quatro vezes maior em um ano.Se for uma horta de alface, consegue uma colheita a cada 50 dias, o que vai render umas cinco safras ao ano pelo ciclo dessa cultura”, aponta o Machado.
Para o executivo, o fomento por meio do microcrédito produtivo orientado é uma importante ferramenta de combate à pobreza. Ele ressalva, porém, que nem todos os clientes conseguem deixar os programas de transferência de renda, mas aponta que esse compromisso com a população mais pobre muda profundamente as perspectivas das novas gerações.
O potencial econômico da Região Nordeste será tema do CB Debate desta quarta-feira (19/6). Com apoio do Banco do Nordeste, o encontro reunirá especialistas que explicarão por que a região deve ser vista como um motor de transformação social. Os convidados abordarão políticas públicas, tendências e potencialidades naturais que contribuem para que a Região Nordeste implemente, cada vez mais, políticas de fomento ao desenvolvimento sustentável.
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