Conjuntura

Piora nas expectativas para inflação preocupa BC, afirma Campos Neto

De acordo com o chefe da autoridade monetária, inflação corrente está comportada, mas expectativas desancoradas acendem sinal de alerta. Enchentes no RS adicionaram uma incerteza sobre inflação de alimentos

O presidente do BC lembrou que o RS representa 6,5% do PIB e 9% da balança comercial, com relevante impacto para a atividade do país -  (crédito: Sergio Lima / AFP)
O presidente do BC lembrou que o RS representa 6,5% do PIB e 9% da balança comercial, com relevante impacto para a atividade do país - (crédito: Sergio Lima / AFP)

O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, afirmou nesta quinta-feira (6/6) que a piora recente das expectativas do mercado financeiro para a inflação tem preocupado a autoridade monetária. Segundo ele, a inflação corrente constatada no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) está comportada, no entanto, as expectativas estão desacordadas, acendendo um sinal de alerta. 

“A parte mais desafiadora são as expectativas de inflação, que têm piorado recorrentemente. É um fator de preocupação e tem muitos ruídos envolvidos, da parte fiscal, da transição no BC, a capacidade de aprovação de medidas no Brasil, além dos riscos geopolíticos no exterior e Rio Grande do Sul, que teve impacto na parte mais curta das estimativas”, disse em evento promovido pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) e pela B3. 

Economistas do mercado financeiro voltaram a elevar as suas projeções para a inflação e para os juros neste ano, de acordo com o Boletim Focus, divulgado pelo BC na última segunda-feira. A estimativa para a inflação em 2024 subiu de 3,86% para 3,88%. A projeção para a taxa básica de juros (Selic), por sua vez, subiu de 10% para 10,25%. 

Alimentos 

O chefe da autoridade monetária lembrou que o Rio Grande do Sul representa 6,5% do Produto Interno Bruto (PIB) e 9% da balança comercial, com relevante impacto para a atividade do país. De acordo com ele, as enchentes adicionaram uma incerteza sobre a inflação de alimentos. “Em termos de safra, a colheita de arroz já havia sido praticamente encerrada, mas há dúvidas sobre o efeito das chuvas e dos alagamentos na fertilidade do solo e na capacidade de produção para frente”, apontou. 

“A tragédia no Rio Grande do Sul vai impactar no crescimento e na inflação, temos que avaliar também outros fatores, como o consumo das famílias, de onde ele vem, se é de estímulo fiscal. O mercado de trabalho vai bem, mas há preocupação do que isso significa na inflação de serviços”, acrescentou Campos Neto. 

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postado em 06/06/2024 11:03 / atualizado em 06/06/2024 12:15
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