MACROECONOMIA

Neste ano, novamente, teremos desaceleração da inflação', garante Guilherme Mello

Secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Guilherme Mello, reforça aposta da pasta de que inflação vai continuar cedendo, apesar da tragédia no Rio Grande do Sul

Apesar de o mercado financeiro elevar as projeções para a taxa básica da economia (Selic) no fim deste ano, elevando para 10% as previsões para os juros no fim do ano após a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), o Ministério da Fazenda optou pelo conservadorismo e ainda reforçou as apostas de que a inflação de 2024 ano ficará abaixo da de 2025.

“Neste este ano, novamente, teremos uma desaceleração da inflação, mesmo em um cenário com pressões externas que impactam a nossa taxa de câmbio e pressões domésticas que como as que vão advir da catástrofe do Rio Grande do Sul e que impactam na produção de alguns alimentos”, afirmou Guilherme Mello, secretário de Política Econômica da pasta, nesta quinta-feira (16/5), durante apresentação dos dados do Boletim Macro Fiscal, elaborado pela SPE, chefiada por ele.

No relatório, a Fazenda elevou de 2,2% para 2,5% a previsão de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) deste ano e revisou de 3,5% para 3,7% a estimativa de alta do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), indicador da inflação oficial, que encerrou 2023 com alta de 4,6% e as previsões do mercado para o índice deste estão atualmente em 3,76%, ambos. “Os núcleos da inflação convergindo para o centro da meta”, afirmou Mello. 

De acordo com o secretário, em 2023, mesmo com o cenário de reoneração de impostos sobre energia elétrica e gasolina, que têm um impacto importante nas cestas de consumo das famílias e das empresas, o IPCA surpreendeu as expectativas. “As projeções iniciais eram todas de 6% (para a inflação). O efetivo se verificou em 4,6%, dentro das bandas do regime de metas”, afirmou.

Segundo o secretário, existem muitos elementos dos serviços adjacentes comportados, do ponto de vista inflacionário. “O que pode determinar um maior ou menor nível de flexibilização da taxa de juros está mais ligado a fatores externos do que a fatores domésticos”, frisou Mello, em referência às sinalizações do Federal Reserve (Fed, banco central dos Estados Unidos), que vem adiando o ciclo de queda dos juros e, na avaliação dele, deverá começar a cortar as taxas básicas, atualmente entre 5,25% e 5,50% ao ano, a partir de setembro.  “As últimas informações da economia americana também têm consolidado um cenário menos grave para a inflação, o que poderá abrir espaço para novas revisões”, disse. “Me parece que o processo de desinflação nos EUA vai continuar lento, mas vai prosseguir. Esperamos o início da queda dos juros norte-americanos em setembro, o que vai abrir espaço para o Banco Central brasileiro reduzir as taxas de juros domésticas”, apostou. 

Impactos das chuvas no RS

De acordo com Guilherme Mello, ainda é cedo para a Fazenda mensurar os impactos das fortes chuvas no Rio Grande do Sul, tanto no PIB quanto na inflação. Na avaliação dos integrantes da equipe econômica, o pacote de medidas que o governo vem anunciando, como o auxílio de R$ 5,1 mil para as famílias comprarem itens perdidos, como eletrodomésticos, vai ajudar a minimizar os impactos e as flutuações de preços dos alimentos no país, especialmente do arroz. 

“Por enquanto, as informações são preliminares que nós temos é que a perda não é tão expressiva, e, portanto, não há do ponto de vista de abastecimento, nenhum risco. O que há é momentaneamente dificuldade de escoar a produção que foi colhida”, afirmou Mello, em referência às pressões inflacionárias do desastre climático no Sul do país.

O secretário informou ainda que o governo está acompanhando para viabilizar a importação de arroz pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) de países vizinhos do Mercosul e deverá agir vendendo o produto a preços mais baixos para ter um impacto de com estoques reguladores para evitar altas expressivas de preço desse item de produto básico da alimentação brasileira, assim, evitar que pessoas mais pobres gastem maior parte da renda com alimentação.

Segundo ele, a SPE e a Conab estão atentos às crises climáticas e construindo um sistema de monitoramento constante de preços, não só isso, mas produção, safra, importação e exportação. “Estamos construindo um mecanismo de inteligência para que o governo seja capaz um pouco de antecipar eventuais problemas e se valer das diferentes ferramentas que ele tem para conseguir minimizar flutuações muito grandes dos preços dos alimentos”, afirmou.  “Para quem não acreditava, a realidade está para provar que as crises climáticas existem e vieram para ficar”, acrescentou o secretário, admitindo que, futuramente, esse sistema de inteligência presencial também possa ser artificial.

Nova meta

Ao ser questionado pelos jornalistas sobre o decreto para implementação da meta contínua de inflação que valerá a partir de 2027, Mello informou que ainda não há previsão de data, apesar de a expectativa era para o próximo mês, quando o Conselho Monetário Nacional (CMN) revisa as metas atuais do ano atual e do próximo e anuncia a do terceiro ano.

"Não saiu do nosso radar. É um tema que vamos avançar no momento adequado. E, obviamente, todos os esforços do ministério estão voltados para o apoio do Rio Grande do Sul", disse o secretário. Na avaliação dele, não há prejuízo dessa meta não sair agora, porque a vigência seria a partir de 2027 e a deste ano e do próximo, de 3%, está dada.

 

 

 

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