As ações da Petrobras caíram na Bolsa de Valores de São Paulo (B3), ontem, um dia após o comunicado da companhia confirmar a saída do presidente Jean Paul Prates. Em seu lugar, deve assumir a engenheira Magda Chambriard, funcionária de carreira da Petrobras e ex-diretora da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
Com essa nova troca de comando na Petrobras, o mercado financeiro voltou a estressar. Conforme levantamento da Elos Ayta Consultoria, a Petrobras registrou perda de R$ 34 bilhões em seu valor de mercado, ontem, na comparação com o dia anterior, passando para R$ 509 bilhões. Foi a maior queda desde 8 de março, quando a companhia anunciou o não pagamento dos dividendos extraordinários e desvalorizou R$ 55,3 bilhões em um único dia.
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A Petrobras é uma das empresas com maior peso na B3 e abriu o pregão em queda, levando o Índice Bovespa (IBovespa) junto, liderando as perdas da Bolsa paulista. Pela manhã as ações da companhia chegaram a desabar cerca de 9,5%, mas fecharam o dia com recuo de mais de 6%. O principal indicador da B3, que chegou a escorregar 1,16% pela manhã, reduziu as perdas no fim do dia, fechando com queda de 0,38% a 128.027 pontos. Em Nova York, os papéis da estatal recuaram 6,71%.
Com o afastamento de Prates do comando da Petrobras, o Conselho de Administração da estatal realizou, na manhã de ontem, uma reunião e nomeou Clarice Coppetti, diretora de Assuntos Corporativos, como presidente interina. O colegiado também destituiu Sergio Caetano Leite, do cargo de diretor financeiro e de Relacionamento com Investidores, e indicou interinamente o gerente-executivo de Finanças, Carlos Alberto Rechelo Neto.
Eleição
Ainda não está definida a data para eleição do novo presidente da Petrobras. O nome de Magda deverá passar pelo crivo do Comitê de Pessoas (COPE) do Conselho de Administração da estatal. A expectativa é de que esse processo, até a eleição da nova presidente pelo Conselho de Administração, ocorra em, no máximo, 30 dias.
Na avaliação de Sergio Vale, economista-chefe da MB Associados, é muito ruim para a empresa estender a interinidade por um prazo muito longo. “A sensação será de paralisia decisória. Vai ser difícil avançar o plano estratégico com um interino que não vai ficar”, afirmou.
A Petrobras tem um plano estratégico de investimentos de cerca de R$ 500 bilhões até 2028. Prates vinha sendo pressionado pelo governo para retomar investimentos que não deram muito certo nos governos petistas, como refinarias superfaturadas e produção de navios, enquanto ele apostava suas fichas na exploração da polêmica margem equatorial, que colide com o discurso do governo em priorizar a transição energética e recebe críticas da ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva.
De acordo com técnicos da estatal, se não houver essa nova linha exploratória em águas profundas, o Brasil perderá a autossuficiência na produção de petróleo a partir de 2030.
O presidente do Instituto Acende Brasil, Claudio Sales, também demonstrou preocupação com mudança no comando da Petrobras e destacou que a sociedade brasileira e os órgãos de fiscalização, como o Tribunal de Contas da União (TCU). “É preciso redobrar a atenção para evitar que ocorra um novo escândalo do Petrolão, exemplo marcante de uso e abuso da estatal para objetivos não empresariais”. “A agenda de foco empresarial e reorganização que Prates — ironicamente indicado como presidente à revelia da Lei das Estatais — vinha defendendo estava sendo atacada pelos ministros da Casa Civil e de Minas e Energia”, acrescentou.
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, recebeu, ontem, em seu gabinete, a engenheira indicada para presidir a Petrobras. O encontro serviu para alinhar as políticas de condução da estatal com o governo federal. Entre os projetos mais aguardados pelo governo federal, estão a retomada das unidades de fertilizantes no Paraná e em Mato Grosso do Sul e das obras das refinarias Abreu e Lima, em Pernambuco, e Gaslub (antiga Comperj), no Rio de Janeiro.
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