Após a demissão do ex-presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, que deixou o cargo após um ano e quatro meses à frente da estatal, as ações da petrolífera tiveram a pior performance em mais de dois meses. O valor dos papeis preferenciais (PETR4) – sem direito a voto, mas com prioridade no recebimento de dividendos – caiu 6,04%, a R$ 38,40, enquanto que os ordinários (PETR3) – com direito a voto – tiveram uma queda ainda maior, de 6,78%, a R$ 40,02.
O valor das ações da empresa vinha em um movimento progressivo de recuperação, após a queda forte no dia 8 de março, após a decisão do Conselho da Petrobras que bloqueou o pagamento de dividendos aos acionistas. Um mês depois, o mesmo conselho aprovou, sob o aval do presidente Lula e de Prates, a distribuição de 50% do lucro líquido remanescente do 4º trimestre do ano passado.
A aprovação do pagamento aumentou o desconforto de membros do governo e, principalmente, do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, que chegou a declarar que as divergências que existem entre os dois são “públicas e pontuais”. O chefe da pasta defendia o bloqueio total dos dividendos. O novo nome para assumir a estatal já foi aprovado pela Petrobras – a ex-diretora da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), Magda Chambriard.
Diante disso, o valor de mercado da empresa teve uma queda de R$ 34 bilhões em apenas um dia, nesta quarta, e encerrou o pregão valendo R$ 509 bilhões. Foi a maior desvalorização da estatal desde o dia 8 de março, quando ela perdeu R$ 55,3 bilhões, com o valor de mercado fechando o pregão em R$ 473,7 bilhões.
O que esperar do futuro?
O movimento de desvalorização já era esperado pelo mercado. “A saída do Prates já tinha sido especulada no início deste ano, mas a mudança foi repentina e um tanto surpreendente. Definitivamente é um ruído e "negativo" para as ações”, avalia o analista da VG Research, Luan Alves.
Para o analista da Ouro Preto Investimentos, Sidney Lima, as expectativas em torno do trabalho de Chambriard à frente da empresa estão baseadas na continuidade do equilíbrio das práticas de precificação alinhadas ao mercado, mesmo com as demandas políticas e sociais por preços mais acessíveis de combustíveis.
“Ela terá o desafio de gerir as expectativas do mercado financeiro e as demandas políticas, possivelmente introduzindo novas práticas que poderiam incluir uma abordagem mais flexível e talvez menos dependente das variações do mercado externo. De qualquer forma será uma missão difícil conciliar os interesses da empresa com os do governo”, considera.
Impacto na bolsa
A queda das ações da Petrobras puxou o Índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Ibovespa / B3) nesta quarta-feira (15/5) para uma queda de 0,38%, aos 128.027 pontos. Tanto os papeis ordinários quanto os preferenciais foram os que tiveram a maior desvalorização no fechamento do pregão entre todas as ações listadas na B3.
Apesar disso, a queda da bolsa nesta quarta só não foi maior por conta da valorização de ações importantes, como a da Embraer (EMBR3), que subiu 5,63%, valendo R$ 38,97, e a da JBS (JBSS3), que atingiu R$ 27,19, com o aumento de 8,11% no valor da ação – o maior no pregão desta quarta.
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