A Bolsa brasileira ensaia uma reação, neste início de mês, após um abril de intensa oscilação, no qual registrou queda de 1,7%. Ontem, o Índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Ibovespa — B3) voltou ao patamar de 127 mil pontos e fechou o pregão em alta de 0,95%, recuperando as perdas da semana.
Além disso, o dólar comercial teve um dia de queda forte após ter atingido R$ 5,19 há apenas dois dias. O valor da moeda norte-americana ante o real apresentou desvalorização de 1,53% e encerrou o pregão a R$ 5,11.
Analistas explicam o movimento como repercussão à fala do presidente do Federal Reserve (Fed — Banco Central dos EUA), Jerome Powell, na quarta-feira, sinalizando que, mesmo com um tempo maior de juros altos no país, não deve haver um novo aumento da taxa nos próximos meses. Ao comentar a decisão do Fed de manter os juros em uma taxa que varia entre 5,25% e 5,50%, Powell indicou ser pouco provável uma nova alta dos juros. "Para elevar os juros, o Fed precisará de fortes evidências de que a política não está restritiva o suficiente", disse em entrevista coletiva.
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No mesmo dia, a Moody's reavaliou a perspectiva de crédito do Brasil de "estável" para "positiva", com a percepção de melhora das projeções de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do país, que, segundo a agência, são mais robustas do que no período pré-pandemia. A revisão da Moody's aproxima o Brasil do "grau de investimento", indicando que o país é seguro para investir.
Para o analista econômico da Ouro Preto Investimentos Sidney Lima, a mudança deve trazer maior credibilidade para os investimentos no Brasil. "Vale lembrar que essas agências de classificação de risco têm um grande poder de 'formação de opinião' para investidor gringo, que é quem conduz basicamente os investimentos aqui no Brasil. Esse movimento acaba atraindo recursos diretos para cá. Um termômetro real disso foi a queda intensa do dólar no dia de hoje (ontem)", comenta.
Na avaliação do professor de Economia da USP Ribeirão Preto Luciano Nakabashi, o mercado sofre um período de maior volatilidade. Com a sinalização de que o corte de juros nos EUA talvez não ocorra neste ano, elevam-se as incertezas em relação à política monetária no Brasil. Em ritmo de queda desde agosto do ano passado, a taxa Selic, que atualmente está em 10,75%, corre um risco maior de voltar a ficar estável por mais tempo.
"Existe a expectativa de que o BC tenha que, primeiro, terminar o ciclo de redução de juros com os juros bem mais altos, em torno de 9,5% a 10%, e que lá na frente, talvez, o Banco Central tenha que aumentar de novo os juros, antes de continuar esse processo de redução", avalia Nakabashi. O Comitê de Política Monetária (Copom) vai se reunir na próxima terça-feira para definir a taxa Selic. A maioria dos analistas prevê uma queda de apenas 0,25 ponto percentual.
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