O prejuízo financeiro provocado pelas enchentes no Rio Grande do Sul somou R$ 9,6 bilhões até ontem, dado inferior aos R$ 10 bilhões divulgados na véspera devido à atualização de algumas prefeituras, conforme dados divulgados, ontem, pela Conforme dados da Confederação Nacional dos Municípios (CNM). E, desse total, as perdas no setor agrícola somaram R$ 2 bilhões.
A tragédia afetou 461 municípios gaúchos, segundo dados da Defesa Civil. Segundo a CNM, os números de ontem apontavam para 155 mortos, 445 desaparecidos e 735,5 mil desabrigados ou desalojados. O maior volume de perdas segue na habitação, de R$ 4,6 bilhões.
Cidades inteiras ficaram submersas e plantações foram diretamente afetadas no RS, com destaque para as lavouras de arroz e de soja. Além disso, o setor agrícola enfrenta problemas logísticos para o escoamento dos alimentos para o restante do Brasil, já que estradas e centros de distribuição foram afetados.
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Especialistas lembram que o Rio Grande do Sul é um importante produtor de arroz no país e alertam para o risco de abastecimento e de pressões inflacionárias sobre o produto que é item essencial na mesa das famílias brasileiras. "O governo já faz movimentos para importação de arroz, enquanto as federações e associações de produtores do Rio Grande do Sul garantem que, mesmo com as inundações, a colheita de 2024 ainda será 4% maior que a do ano passado", destaca o economista e diretor da Corporate Consulting e membro do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças, Luís Alberto de Paiva. "De qualquer maneira, se houver a importação, teremos uma regulação de preços para a safra atual, mas não se perpetuará para médio e longo prazos. Essa especulação tem provocado a corrida ao varejo para compra e estocagem do produto", ressalta o economista.
Segundo Paiva, além do arroz, outros impactos certamente ocorrerão, como o aumento dos custos na indústria moveleira, nos preços de carnes suínas, de fumo e de vinhos nacionais. "A reconstrução do estado não será rápida, o que pode gerar uma evasão de indústrias e de pessoas, agravando a arrecadação na ordem de R$ 40 bilhões anuais", alerta o especialista.
A colheita de soja no RS tem avançado mesmo enfrentando obstáculos devido ao solo encharcado que dificulta a entrada das máquinas nas lavouras. Segundo o Informativo Conjuntural da Emater-RS, divulgado na última semana, a retirada do grão no estado alcançou 85%, marcando um progresso de sete pontos percentuais na última semana. Contudo, no mesmo período do ano passado, 91% da área plantada já havia sido colhida e a qualidade está pior. "Da soja colhida se observa redução drástica na qualidade dos grãos, em comparação ao produto obtido antes do excesso de chuvas", destaca o diretor técnico da Emater-RS, Claudinei Baldissera. "Parte dos municípios produtores de soja optou por colher, ainda que o grão esteja em condições não favoráveis."
Membro do Comitê de Leis e Regulamentos da Sociedade Rural Brasileira (SRB), Marcelo Guaritá sai em defesa dos setor, uma vez que ele representa 1/3 do Produto Interno Bruto (PIB) e também é afetado pelas enchentes do RS. "O Brasil, cada vez mais, assume importância mundial como produtor de alimentos." afirma.
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