Setor aéreo

Latam comemora lucro de US$ 258 milhões no primeiro trimestre

Ao comentar o bom resultado financeiro, CEO defendeu política para deixar mercado doméstico mais forte e competitivo

CEO da Latam Brasil, Jerome Cadier, ontem, em entrevista coletiva on-line, comemorou o lucro de US$ 258 milhões no primeiro trimestre -  (crédito: Reprodução)
CEO da Latam Brasil, Jerome Cadier, ontem, em entrevista coletiva on-line, comemorou o lucro de US$ 258 milhões no primeiro trimestre - (crédito: Reprodução)

Para o CEO da Latam Brasil, Jerome Cadier, o setor aéreo demanda uma política de fomento que vai muito além de uma reforma tributária. Ao apresentar o resultado financeiro da companhia aérea no primeiro trimestre de 2024, nesta quinta-feira (03), o executivo comentou as demandas do setor, bem como as propostas em discussão no Congresso Nacional que podem afetar o mercado doméstico de aviação — em particular, incentivos para a malha aérea atender a pequenos municípios.

“O Brasil precisa de uma política além da reforma, mas vemos com bons olhos as tentativas do governo e vamos avaliar se vale a pena ou não uma frota diferente para atingir cidades menores”, afirmou. O projeto de lei que regulamenta a reforma prevê que voos com destino ou partida de aeroportos regionais terão desconto de 40% no Imposto sobre Valor Agregado (IVA), que vai unificar cinco tributos federais e estaduais.

A ideia da medida é beneficiar municípios menores, com tráfego menos intenso. No entanto, o incentivo não é visto pelo setor aéreo como suficiente para turbinar o mercado doméstico. Cadier disse ainda estar estudando os impactos exatos e mudanças trazidas no texto, mas já descartou que a alíquota diferenciada por si só seja capaz de promover a aviação nessas localidades. “Não é tão óbvio que o incentivo proposto seja suficiente para aviação regional”, disse.

A companhia chilena apresentou lucro líquido consolidado de US$ 258 milhões no primeiro trimestre de 2024, resultado é 82% superior ao registrado no mesmo período do ano passado. O recorde foi atribuído ao desempenho da alta temporada do setor na América do Sul.

Cadier avalia o mercado em uma posição saudável como um todo. “No Brasil, há uma demanda crescente e forte, ocupação alta, yields de passageiros bons e margens positivas. A Latam cresceu 5% em quantidade de assentos/km no trimestre, em relação ao mesmo período do ano passado, enquanto o mercado cresceu cerca de 1%. Além disso, transportamos 9% a mais de passageiros no mercado doméstico do que no mesmo trimestre de 2023. No mercado internacional, esse aumento foi de 30%”, comentou.

Nos primeiros três meses do ano, o grupo Latam transportou 20,2 milhões de passageiros, o que representou um aumento de 19,4% em relação ao mesmo período de 2023. De acordo com Ramiro Alfonsín, CFO da companhia, o volume representa 2 milhões de passageiros a mais do que no primeiro trimestre de 2019, antes da pandemia de covid-19. “A companhia está transportando mais passageiros, recuperamos toda a operação que nós tínhamos antes da pandemia, inclusive mais alto em alguns mercados. A companhia vem crescendo de forma lucrativa e contínua, melhorando a estrutura de capital e reduzindo nossa dívida”, afirmou.

Fusão Gol e Azul

Questionado, o CEO da Latam Brasil comentou ainda sobre uma possível compra da Gol pela Azul e não se mostrou intimidado com as rivais. “Por enquanto, só ouvimos rumores. Vi muita coisa na imprensa, mas algo oficial, de proposta concreta, não vi nada ainda e, por conta disso, é difícil me posicionar sobre o assunto. Defendemos, e não é de agora, que o mercado brasileiro é grande e a gente tem espaço suficiente aqui para concorrentes fortes. Para ter um posicionamento mais claro, deve vir algo mais oficial, o que ainda não aconteceu”, destacou Cadier.

A Gol se encontra em processo de recuperação nos Estados Unidos (Chapter 11), com uma dívida em torno dos R$ 20 bilhões. Em março, a Azul contratou dois bancos para analisar uma possível oferta pelas operações da Gol. Os rumores ganharam força na última semana, após uma possível validação do Palácio do Planalto para a operação.

Se concretizada a fusão, a empresa resultante seria responsável por cerca de 60% dos voos domésticos — esse fator torna possível que a fusão seja barrada ou limitada por uma intervenção do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).

A Latam, que lidera o mercado doméstico, bateu recorde com a marca de 41% de participação no mercado em março, de acordo com a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). A Azul está praticamente empatada com a Gol em participação, sendo responsável por transportar 29,5% da demanda da aviação no mês, contra 29%.

Projeções

A Latam atualizou suas projeções de lucro antes de juros, impostos, depreciações, amortizações e aluguéis (Ebitdar, na sigla em inglês). De acordo com o balanço da companhia, o indicador deve terminar o ano entre R$ 2,75 bilhões e R$ 3,05 bilhões ante a projeção de dezembro, que era entre US$ 2,6 bilhões e US$ 2,9 bilhões.

O executivo destacou ainda um recorde de satisfação dos passageiros e o desempenho no NPS (Net Promoter Score), pesquisa que avalia a probabilidade de que o cliente indique a empresa. “No ano passado a Latam já foi a empresa com menos reclamações por passageiro transportado e repete isso no primeiro trimestre deste ano. Temos investido nisso de forma consistente”, enfatizou Jerome Cadier.

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postado em 03/05/2024 03:27
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