Depois de sobreviver à pressão e quase perder o cargo, o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, aposta na continuidade. Mas isso não significa que a estatal esteja livre de turbulências.
De demissionário no início da semana, Prates chegou à sexta-feira ainda no cargo, por ora. A interferência do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o recuo do ministro das Minas e Energia, Alexandre Silveira, contribuíram para a sobrevida do presidente da Petrobras no Palácio do Planalto. Dentro da empresa, fontes afirmam que o clima é de normalidade, considerando que há sempre "uma crise por dia para lidar".
Mas outros fatores podem provocar instabilidade na estatal. O mais recente é a decisão judicial, em caráter liminar, que afastou o presidente do Conselho de Administração, Pietro Mendes. O dirigente é pessoa de confiança de Silveira na empresa, mas a eventual saída dele do Conselho se tornaria um problema para Prates.
O afastamento definitivo de Pietro Mendes abriria a possibilidade de os acionistas minoritários escolherem um nome para interino. Assim, haveria o risco de o governo perder o controle do Conselho, o que seria mais um revés grave para Prates, já desgastado na Esplanada dos Ministérios e no Palácio do Planalto.
Na última quinta-feira, decisão liminar do juiz Paulo Cezar Neves Junior, da 21ª Vara Federal de São Paulo, determinou o afastamento Pietro Mendes de qualquer atividade no Conselho de Administração da Petrobras.
A decisão atendeu ao pedido do deputado estadual Leo Siqueira (Novo-SP), que, em uma ação civil pública, argumenta que há conflito de interesse na atuação de Mendes, já que ele também é secretário de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis do Ministério de Minas e Energia (MME). Como subordinado de Silveira, ele é o principal nome do ministro na direção da empresa.
O caso deve levar ao recuo dos entusiastas do presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante, que primeiro foi cotado para a presidência da empresa e depois para assumir uma cadeira no Conselho. Se isso reduz ainda mais qualquer pretendente ao lugar de Prates, o desequilíbrio das forças políticas na direção da empresa pode se tornar um problema maior e colocar, de novo, pressão para sua saída.
- Petrobras reage aos ataques a Prates
- Rumores sobre saída de Prates causam oscilações em ações da Petrobras
- FUP reitera apoio e alinhamento com Prates
Sobre o afastamento do auxiliar próximo, Silveira disse que espera seu retorno em breve. "Decisão judicial naturalmente se cumpre e se recorre, já que uma decisão de primeira instância. Foi tomada a mesma decisão no ano passado contra outro conselheiro e essa decisão foi revista", observou o ministro, durante evento no Rio de Janeiro. Em comunicado ao mercado, a empresa disse que irá recorrer da decisão que considera inapropriada.
Entre uma crise e outra, Prates busca mostrar resultados da gestão. Em um evento da Abespetro (Associação Brasileira das Empresas de Bens e Serviços de Petróleo), na quinta-feira, na primeira aparição depois da fritura, fez questão de anunciar a descoberta de uma nova reserva de óleo na Margem Equatorial.
"Fizemos uma avaliação pré-operacional e um teste simulado perfeito em Potiguar. Tem petróleo lá. Vamos enfrentar esse debate seriamente. Todos os requisitos do Ibama foram atendidos. Essa pode ser a última grande fronteira promissora de petróleo do Brasil. E isso é importante", disse o presidente da petroleira.
Saiba Mais
-
Economia Brasil precisa "fazer o dever de casa" para otimizar produção, diz presidente da Abraleite
-
Economia Mato Grosso do Sul assina acordo para promover empreendedorismo indígena
-
Economia Metodologia da ONU para empreendedorismo forma 1ª turma indígena do Brasil
-
Economia Setor de serviços decepciona e recua 0,9% em fevereiro, aponta IBGE