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Brasil precisa 'fazer o dever de casa' para otimizar produção, diz presidente da Abraleite

Geraldo Borges argumentou que uma atuação conjunta entre entidades do setor e governos é "fazer o dever de casa" para aumentar a competitividade no país

No Brasil, o setor de produção de lácteos sofre com uma série de obstáculos — como a precariedade de rodovias para transporte e a pulverização da produção — que trazem dificuldades para a competitividade do setor em relação a outros países. Para o convidado do CB.Agro — parceria entre Correio e TV Brasília — desta sexta-feira (12/4), presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Leite (Abraleite), Geraldo Borges, o país precisa “fazer o dever de casa” e unir esforços dos governos federal, estaduais e municipais e das entidades ligadas ao setor para fomentar uma visão nacional do setor como estratégico para o país.

“O país precisa ‘fazer o dever de casa’ e, de forma unida, com todos os atores, o governo federal, os governos estaduais e prefeituras, precisa trabalhar em conjunto com a iniciativa privada para que a gente seja realmente uma nação que enxerga o setor com a importância que ele tem e que faz com que a própria sociedade o valorize. Valorize pelo volume de empregos que ele gera no campo e na cidade — isso é uma responsabilidade social enorme —, mas também pela responsabilidade econômica que tem o setor. O volume de empresas, empregos e dinheiro que é movimentado nessa cadeia é muito grande. E um terceiro ponto importante é a nutrição da nossa população, na qual o leite tem um papel importante, inclusive, para aquelas pessoas que têm menos condições financeiras, já que ele é um alimento básico importante da cesta básica do brasileiro”, argumentou.

Aos jornalistas Carlos Alexandre Souza e Roberto Fonseca, Geraldo ressaltou a importância de unir os elos da cadeia do leite na busca por maior competitividade. Ele defendeu que o elo da produção do leite — do qual a Abraleite faz parte — precisa atuar em conjunto com os elos de industrialização e de comercialização para trabalhar pautas convergentes e, assim, buscar maior competitividade.

“Nós temos que ter uma união maior e trabalhar pautas convergentes conjuntamente pelos três elos. Os três têm que entender isso. Nós temos que ter uma visão diferente, uma visão de que o setor tem que dar certo porque, se ele dá certo, o Brasil dá certo, e é isso que trará mais competitividade, com certeza. Porque, se nós trabalhamos juntando esforços para fazer as melhorias necessárias, sabendo quais são as nossas dificuldades, temos mais força”, afirmou.

Como exemplo de pauta convergente entre os elos, o presidente da Abraleite citou a carga tributária brasileira, e afirmou que aquilo que chamou de “custo Brasil” é um problema que poderia ser combatido com mais força com a união dos três elos da cadeia.

“A carga tributária, por exemplo, não é um problema exclusivo de um elo do setor — não é só dos produtores, não é só da indústria e, às vezes, também não é só do elo da comercialização, atacado e varejo. Nós temos que entender que, ao ir ao Governo Federal e também aos governos estaduais para que a gente possa estudar a diminuição dessa carga tributária — que acaba sendo aquele antigo famigerado ‘custo Brasil’ que tira a nossa competitividade —, se o setor está coeso e unido, ele tem muito mais força pra discutir isso. É importante a gente entender dessa forma e passar a pensar como uma ‘nação do leite’, como a Suíça e a Nova Zelândia (expoentes da produção de leite no mundo) pensam”, defendeu.

2º Fórum Nacional do Leite

Entre os dias 16 e 17 de abril, a Abraleite realizará o 2º Fórum Nacional do Leite, na sede da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), em Brasília. Geraldo Borges contou que o Fórum visa discutir sustentabilidade, aspectos de ESG (governança ambiental, social e corporativa), tecnificação e tecnologia nas propriedades produtoras, entre outros aspectos do setor de produção de lácteos.

Ele explicou que o evento contará com a presença de palestrantes nacionais e internacionais dos principais países produtores de leite do mundo, além de ministros de Estado e membros da Câmara dos Deputados. Na visão do presidente da Abraleite, a presença de membros dos dois poderes (Executivo e Legislativo) possibilita importantes debates sobre o futuro do setor para além de uma polarização política.

“O debate é do Legislativo com o Executivo, não só num fórum como esse, mas no dia-a-dia, é muito importante. Há momentos que realmente são de cobranças, momentos mais difíceis de se tratar, mas a gente tem que entender que precisamos construir juntos, independentemente de bandeira e de partido político, uma nação melhor. Acho que isso serve de lição para o país como um todo: nós precisamos olhar mais para o nosso país e sermos mais brasileiros, e o nosso setor clama por isso. Então, contamos com a ajuda dos parlamentares e do Executivo e levamos, também, sugestões. O setor também tem que trabalhar junto, tentar criar soluções junto com quem está no poder”, destacou.

As inscrições para o 2º Fórum Nacional do Leite ainda estão abertas e podem ser feitas pelo site da Abraleite. A programação, assim como outras informações, podem ser encontradas no mesmo endereço.

*Estagiário sob supervisão de Ronayre Nunes

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