COVID-19

Consumo de serviços e bens de saúde caíram 4,4% no primeiro ano da pandemia

Pesquisa do IBGE mostra que a mudança no comportamento do consumidor em saúde impactou os resultados econômicos do setor durante a crise sanitária

O ano de 2020 ficou marcado pelo início de uma das piores crises sanitárias do mundo e abalou o sistema de saúde em diversos países ao redor do globo com a pandemia da covid-19. Nesse quadro, o consumo de remédios e outros itens de saúde, além de serviços hospitalares e clínicos, apresentaram uma retração neste ano. Com a covid em alta, muitos brasileiros deixaram de recorrer a hospitais para tratar de outras doenças, como avalia a pesquisadora Tassia Holguin.

“As pessoas deixaram de fazer cirurgias eletivas. Deixaram de ir ao médico, ao dentista, elas foram postergando. Então, com isso, embora a gente tenha tido um pico na emergência por conta do Covid, no total, a saúde sofreu uma queda no número de procedimentos”, avalia Holguin, que é responsável pela pesquisa Conta-Satélite de Saúde, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira (5/4).

A pesquisa mostra que a mudança no comportamento do consumidor em saúde impactou os resultados econômicos do setor durante a pandemia. No ano de 2020, as despesas relacionadas à saúde no Brasil somaram R$ 769 bilhões, o que equivale a 10,1% do Produto Interno Bruto (PIB) do país. No ano seguinte, esse valor alcançou R$ 872,7 bilhões, representando 9,7% de todos os bens e serviços produzidos no ano.

No primeiro ano da pandemia, o consumo de bens e serviços de saúde apresentou uma retração de 4,4% em volume - uma queda equivalente a todos os outros setores. Já no ano seguinte, esse consumo teve expansão de 10,3%, enquanto que o de bens e serviços não saúde aumentou 2,3%. Na avaliação da pesquisadora responsável pelo estudo, a saúde foi mais um setor fortemente afetado pela crise sanitária causada pela Covid-19.

“Em 2020, observamos uma queda na quantidade de procedimentos ambulatoriais e hospitalares, como consultas e cirurgias eletivas”, destacou. Apesar disso, no ano seguinte, houve movimento de retorno dos brasileiros aos consultórios. A especialista destaca alguns fatores, como o início da campanha de vacinação contra a doença causada pelo Sars-Cov-2 no país, o aumento do consumo de medicamentos e a retomada da realização de consultas, exames e cirurgias eletivas com mais frequência.

Planos de saúde cresceram

Além disso, também houve um incremento na contratação de planos de saúde em 2021. Com uma elevação de 2,9%, foi o maior crescimento anual desde 2013. Em contrapartida, em 2020 houve aumento de apenas 0,9%. “Quando a gente compara com o restante da economia, a gente vê que o setor saúde cresceu 10,3%, em termos de volume, e o restante da economia cresceu 2,3%”, pontua a pesquisadora.

O IBGE também revelou que os postos de trabalho nas atividades de saúde cresceram no primeiro ano da pandemia, em 1,9%, enquanto que as demais atividades da economia recuaram 7,0%. Já no ano seguinte, as ocupações no setor avançaram 5,1%. Em 2021 as ocupações na Saúde pública caíram 2,5% enquanto as da Saúde privada aumentaram 10,8%.

“E isso aconteceu por conta da própria pandemia, embora a gente ainda tenha um certo recuo da população em demandar serviços de saúde, a saúde não parou totalmente”, explica a responsável pela pesquisa.

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