Sucessão

Campos Neto defende que transição no BC seja 'o mais suave possível'

O presidente do Banco Central destaca a importância de a sabatina do novo presidente da autoridade monetária ocorrer ainda neste ano e reforça que o melhor plano econômico é manter a inflação "baixa e estável"

Na reta final do mandato na presidência do Banco Central, o economista Roberto Campos Neto tem dito que torce para que o processo de transição seja “o mais suave possível”. Como o prazo termina em 31 de dezembro, ele reforçou o alerta de que é preciso que a sabatina do próximo presidente do BC seja feita pelo Senado antes do fim do ano e lembrou que o melhor plano econômico de um país é manter a inflação baixa e estável.

“Não tem muito como falar sobre essa sucessão, porque eu não sei (quem será o escolhido). O que eu tenho dito é que eu vou fazer a transição mais suave possível”, afirmou Campos Neto, nesta quarta-feira (3/4), durante palestra na 10ª edição do Bradesco BBI Brazil Investment Forum, promovido pelo Bradesco BBI, em São Paulo.

“Eu entendo que seria bom fazer a sabatina neste ano. Seria bom fazer neste ano porque, senão, você passa para o outro ano. Aí, tem um problema, porque o meu mandato termina dia 31 de dezembro”, apontou ele, lembrando que, se o substituto não for sabatinado, um dos diretores que assumiria a presidência interinamente precisará passar por uma nova sabatina. E, nesse sentido, ele lembrou que o Congresso estará fechado em janeiro. Entre os diretores indicado por Lula para o BC no ano passado, o Gabriel Galípolo, ex-secretário executivo da Fazenda, é o mais cotado para substituir Campos Neto. 

Críticas

Também durante o evento, o presidente do BC tentou se defender novamente das inúmeras críticas que tem recebido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de integrantes do governo sobre a condução da política monetária desde a transição. “Eu acho que essa coisa de você mudar de um governo para o outro, onde o governo que entra fala mal do outro e a gente tem uma transição que não é civilizada. Eu acho isso muito ruim para a parte institucional do Brasil. A gente pode ter pensamentos diferentes, mas no final está todo mundo pensando no Brasil e você vai discutir ideia. Eu sempre digo que eu prefiro discutir ideias do que pessoas”, frisou ele.

De acordo com Campos Neto, se o processo de transição no BC for mais suave, isso pode ajudar a reduzir o prêmio de risco do mercado financeiro. E lembrou que, como as decisões do Comitê de Política Monetária (Copom) são unânimes, mesmo com quatro novos integrantes indicados pelo atual governo, a confiança do mercado na instituição tem melhorado. “Uma questão prática, e acho que quando a gente olha o mercado, aquele prêmio de risco que tinha na mudança da gestão diminuiu bastante. As últimas decisões têm sido unânimes”, disse ele, acrescentando que isso não é comum, pois existem bancos centrais que divergem bastante e até mesmo o presidente perde algumas das votações.

“A gente entende que estamos num período em que vamos ter mudanças no ano que vem e os entendimentos sobre o que é bom vão ser diferentes. Então, é importante ter firmeza, dizer não, explicar, explicar para dentro, explicar para fora, e dizer 'olha, o ciclo de política monetária tem uma diferença, ele tem um timing e, vamos dizer assim, um prazo diferenciado'”, explicou.

Campos Neto reforçou ainda o alerta de que a missão primordial do Banco Central é combater a inflação e preservar o valor da moeda para que o Brasil não volte a ter hiperinflação, como ocorre na Argentina. “Ela corrói muito o poder de compra de quem está embaixo (da pirâmide social). Então, o melhor plano econômico tem inflação baixa e estável”, enfatizou.

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