Para o secretário da Ciência e Tecnologia para Transformação Digital do Ministério da Ciência e Tecnologia e Inovação (MCTI), Henrique de Oliveira Miguel, o Brasil, mesmo o país sendo o que mais utiliza a inteligência artificial na América Latina, ainda precisa investir na educação e no ensino para a utilização dessas ferramentas. O especialista participou do CB.Debate — Inteligência Artificial: os impactos no mercado brasileiro, evento do Correio em parceria com o apoio do Sebrae.
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“Precisamos investir na educação das nossas crianças, dos nossos jovens, mas também dos nossos adultos para a utilização dessas ferramentas. Não me refiro apenas a utilização ética e adequada, mas também me refiro que essa ferramenta ao mesmo tempo que traz um potencial muito poderoso, também traz riscos que são amplificados pelo potencial da inteligência artificial”, disse Miguel.
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Para o especialista, a Estratégia Brasileira de Inteligência Artificial (EBIA), definida em 2021, já apontava para o início de uma estratégia nacional para o tema que já indicava a necessidade de investimento na formação da população e de mão de obra para o país atingir autonomia no segmento.
Miguel aponta ainda que o país já tem um forte uso de IA nos setores como o financeiro, no varejo e na infraestrutura, mas pondera que é necessário preparar melhor a população para o crescimento do uso dessas tecnologias. A maior aplicação da tecnologia está na tomada de decisões estratégicas, e o secretário pondera que pode isso também representar riscos se os operadores da tecnologia não estiverem devidamente formados.
“Algumas das aplicações mais usadas da IA é na tomada decisões estratégicas, uma aplicação bem própria para a IA, a tomada de decisão baseada em IA, mas mesmo isso traz alguns riscos”, explica Miguel.
Segundo o representante do Ministério, o Brasil já está usando a inteligência artificial também nos sistemas de governo digital, sendo que o Judiciário, que adota em 55% das atividades digitais, lidera a adoção da tecnologia — enquanto no Executivo a IA só chegou a 20% dos sistemas.
Para o secretário, é fundamental o país pensar na regulação, assim como a experiência recente da União Europeia e dos Estados Unidos que avançaram na regulação da tecnologia, mas alerta sobre a importância de o país estar inserido nesse debate, que é global.
“A União Europeia e os Estados Unidos avançaram, mas é uma questão complexa e tem que haver uma governança. As conversas nos encontros do G20 se mostraram fundamentais”, disse Miguel que ainda apontou que além da troca de experiências com o G20 (grupo das 20 maiores economias) a própria Organização das Nações Unidas (ONU), deve pautar o assunto para discutir com os seus quase 200 membros.
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