Um evento que ocorre a cada quatro anos está prestes a acontecer. Não se trata das Olimpíadas, tampouco da Copa do Mundo, mas sim, do chamado ‘halving do bitcoin’, que agita o mercado financeiro a cada ano bissexto, desde 2012. O efeito promete causar grande impacto no mercado financeiro, e os efeitos já começaram a ser observados, como explicam analistas econômicos.
O termo ‘halving’ vem do inglês ‘half’ — que significa ‘metade’ — e, no caso dos bitcoins, compreende a redução da oferta da criptomoeda em 50%. Para entender melhor esse efeito, é preciso destacar que novos bitcoins só são gerados por meio de um processo chamado de ‘mineração’.
Essa mineração ocorre dentro da rede da criptomoeda. A cada transação realizada em bitcoins, o investidor recebe um bloco, no qual cada bloco correto que é validado pelo minerador, garante uma remuneração em bitcoins. Com o efeito do halving ao longo do tempo, também foi diminuindo a oferta do ativo digital para cada mineração.
Em 2008, cada bloco minerado era recompensado por 50 bitcoins. Quatro anos depois, em 2012, já eram 25 bitcoins. Em 2016, esse valor passou para 12,5, e em 2020, era de 6,25. Desde as 20h10 da última sexta-feira (21/4), cada minerador passou a receber 3,125 bitcoins por bloco.
Valorização já precificada
Apesar de haver uma restrição da oferta da criptomoeda por bloco minerado, o que poderia elevar o valor do ativo, analistas do mercado financeiro avaliam que o halving não deve causar mudanças drásticas no preço do bitcoin nas próximas semanas. Como explica o economista e sócio da Cash Wise Investimentos, Victor Souza, o movimento de valorização da moeda já vem ocorrendo nos últimos meses.
“Esse processo de precificação atual já foi feito, quando o ETF de bitcoin foi feito, junto com halving esse ano. Então todo esse movimento que o bitcoin teve esse ano já foi muito por conta disso. Ele (bitcoin) pode subir de hoje para amanhã? Pode. Mas é muito mais um movimento especulativo, por causa de algum outro motivo”, explica.
Após o evento da última sexta, o bitcoin variou pouco, e manteve-se perto do nível de US$ 64 mil após o halving. Na noite deste domingo (21), a criptomoeda opera acima dos US$ 65 mil, ou R$ 340 mil. “Os investidores nunca olham para o presente. Eles sempre estão olhando um ano, dois anos, três anos na frente”, explica o economista.
Para o analista e head de criptomoedas da Hurst Capital, Francis Wagner, o halving do bitcoin pode, de fato, ser considerado um evento "sell the news" (compre no boato, venda no fato), especialmente em condições normais de mercado.
“No entanto, é importante considerar que o cenário atual é altamente influenciado por eventos macroeconômicos e geopolíticos, como o recente ataque do Irã a Israel. Esses acontecimentos externos podem impactar significativamente o comportamento dos investidores no mercado de criptomoedas, potencialmente resultando em padrões de negociação diferentes dos observados em situações normais”, avalia Wagner.
Na visão do especialista em criptomoedas, é possível esperar um comportamento volátil do bitcoin após o halving, devido a um desequilíbrio temporário da relação entre oferta e demanda, o que pode levar a movimentos bruscos nos preços.
“É crucial adotar uma abordagem cautelosa e estratégica ao investir, adaptando-se às flutuações de mercado e considerando cuidadosamente as condições em constante mudança para tomar decisões”, recomenda o analista.
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