Produtores do Mato Grosso embarcaram nesta sexta-feira (19/04) para o estado do Nebraska, nos Estados Unidos, para conhecer a experiência norte-americana de cultivo irrigado. A viagem liderada pela Associação dos Produtores de Feijão, Pulses, Grãos Especiais e Irrigantes do Mato Grosso (Aprofir-MT), defende a ampliação do cultivo irrigado no país.
Os produtores querem demonstrar para os membros da Agência Nacional de Águas (ANA) e do Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional (MDR), que também participam da comitiva, sobre a importância da ampliação da área irrigada como forma de conter as perdas causadas pelas secas e pela alteração dos regimes de chuva nas regiões produtoras.
Segundo os agricultores, a irrigação já é amplamente utilizada nos Estados Unidos e em diversos países industrializados, e é a alternativa para manter a produção de alimentos frente aos desafios dos efeitos das mudanças climáticas, diz o presidente da Aprofir-MT, Hugo Garcia. Para ele, a irrigação não é um vilão ambiental, só precisa ser corretamente dimensionada.
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“Você tem que outorgar (água para irrigação) até a quantidade que pode ser outorgada. Vai ter um rio e você precisa saber o volume de água do rio exatamente na época mais crítica, de seca, então você vai poder calcular a quantidade de água segura para a irrigação. O impacto negativo só acontece se liberar um volume maior do que o que podia ser liberado”, disse Garcia ao Correio.
Para ele, também é fundamental observar que o ciclo de chuvas nas regiões produtoras brasileiras, mesmo que tenham continuado com o mesmo volume médio de precipitação, estão cada vez mais concentradas e isso pode representar o fim da segunda safra no ano. Apesar do mesmo volume d’água, como as chuvas chegarão antes, não haverá tempo para o segundo plantio. Garcia também destaca que, só no Mato Grosso, o potencial de irrigação passa dos 4 milhões de hectares cultivados.
“Só no Mato Grosso o potencial de área que poderia ser irrigada soma mais de 4 milhões de hectares como uma alternativa aos períodos de seca no território, que, em virtude das mudanças climáticas, já na safra 2023 e 2024, enfrentamos grandes perdas na colheita de grãos”, afirma o produtor.
Nebraska
Para o presidente da entidade, a justificativa para a visita ao Nebraska acontece pela expertise, de mais de 50 anos, do estado norte-americano em tecnologia de irrigação, o que pode servir como modelo tanto aos produtores, quanto aos gestores públicos brasileiros.
“É o estado com maior índice de irrigação nos Estados Unidos, tem em torno de 3,5 milhões de hectares irrigados. Quase toda irrigação lá acontece através de poços artesianos. Já faz três anos que a gente faz essa visita lá, porque a gente quer mudar um pouquinho a concepção das pessoas, que acreditam que a irrigação acaba com a água, queremos mostrar que a irrigação não acaba com a água, ela recicla a água, renova para os rios de maneira natural”, aponta o produtor.
Contudo, o projeto de ampliar a área irrigada no país não é barata. Para cada hectare, o custo médio do equipamento de irrigação chega a ser de aproximadamente R$ 25 mil, e a indústria nacional consegue produzir, anualmente, infraestrutura para irrigar apenas 200 mil hectares. “A indústria consegue produzir apenas 200 mil hectares por ano, então isso vai levar um tempo, mas a gente precisa olhar para frente”, apontou Hugo Garcia.
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