O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, afirmou nesta quinta-feira (28/3) que o Comitê de Política Monetária (Copom) não está dividido e que a última decisão foi unânime. A ata da última reunião, que reduziu a taxa básica de juros (Selic) em 0,50 p.p., para 10,75% ao ano, apontou incertezas sobre a manutenção dos cortes.
Segundo Campos Neto, o que houve na reunião foi um questionamento de qual tipo de ritmo e caminho. “O Copom não está dividido, a decisão sobre o corte da Selic foi unânime. Tentamos abrir na ata um debate sobre visões futuras, em que existiam opiniões diferentes”, disse o chefe do BC, durante entrevista coletiva para o detalhamento do Relatório Trimestral de Inflação (RTI).
“É importante a gente dizer que a gente entendeu que existia uma incerteza maior sobre alguns temas que estávamos debatendo e pessoas diferentes tinham opiniões diferentes”, explicou o banqueiro central. “Alguns membros argumentaram que se a incerteza prospectiva permanecer elevada no futuro, um ritmo mais lento de distensão monetária pode revelar-se apropriado, para qualquer taxa terminal que se deseje atingir”, emendou.
Ao ser questionado sobre os próximos passos da autoridade monetária acerca da Selic, o presidente do BC reforçou que o comitê não se guia por precificações do mercado e explicou que a posição, manifestada por alguns diretores da autarquia, sobre a necessidade de reduzir o ritmo do ciclo de flexibilização monetária não se refere especificamente a próxima reunião do Copom marcada para junho, nos dias 18 e 19.
Autonomia do BC
Na ocasião, Campos Neto voltou a defender a maior autonomia da autoridade monetária, que está em discussão no Legislativo por meio da PEC 65/2023. O tema foi recentemente alvo de polêmicas, por isso, o chefe do BC disse ter combinado com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, de que não abordaria o tema na imprensa, para evitar ruídos.
“Esse tema não é para ser tratado na mídia, foi o que combinei com o ministro Haddad. É um tema técnico", disse. “É importante dizer que o Banco Central não encaminhou a PEC. Quem encaminhou a PEC foi o Legislativo. Esse projeto é do Legislativo”, enfatizou.
O texto em questão determina que o BC deixe de ser uma autarquia federal com orçamento vinculado à União e passe a ser uma empresa pública com total autonomia financeira e orçamentária. O tema é o mais novo capítulo do embate com o governo, que já demonstrou incômodo com a independência da autoridade monetária.
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