Na semana de celebração do Dia Internacional da Mulher, o Google.org, braço filantrópico da Google, anunciou, nesta terça-feira (5/1), em Brasília, uma doação de R$ 8 milhões para dois programas: um de combate à violência de gênero em ambientes digitais e outro para capacitar empreendedoras no uso de ferramentas com inteligência artificial em seus negócios ou para aprimorar as respectivas carreiras profissionais.
Um dos programas é o Ela Pode: Inteligência Artificial, que receberá R$ 3 milhões para desenvolver habilidades voltadas para o empreendedorismo, do Instituto Rede Mulher Empreendedora (RME), organização que tem como objetivo apoiar e promover o empreendedorismo feminino no país. Serão realizadas aulas quinzenais abertas ao vivo no canal do YouTube da entidade, com especialistas de tecnologia. Terão duração de até duas horas, que serão gravadas e disponibilizadas na plataforma de cursos para que as empreendedoras inscritas consigam emitir o certificação de participação nas aulas. Ao todo, são 4.320 vagas.
Além disso, será realizada uma mentoria coletiva para 720 participantes, a cada 15 dias, com especialistas em tecnologia para auxiliar de forma prática as empreendedoras na implementação das ferramentas no dia a dia. Dessas, 105 receberão uma doação de até R$ 10 mil para desenvolver o negócio. "Empreender é muito difícil no Brasil, ainda mais no começo de qualquer negócio, que, no início, é muito solitário", afirma Ana Fontes, fundadora do Instituto RME. Para receber o recurso, as empreendedoras interessadas terão que submeter um plano estratégico que descreva detalhadamente a aplicação das ferramentas de inteligência artificial nos seus negócios.
Já a Fòs Feminista, aliança de organizações da sociedade civil, vai receber R$ 5 milhões da gigante da tecnologia para desenvolver iniciativas de sensibilização para a justiça de gênero e enfrentamento à misoginia virtual. "As mulheres em suas diversidades têm um papel fundamental no desenvolvimento do Brasil e na construção de um país mais justo. Mas elas ainda precisam lidar com desafios estruturais, como as violências em suas diversas dimensões, seja ela doméstica, política, sexual ou no ambiente de trabalho", comenta a gerente de políticas públicas e relações governamentais do Google Brasil, Juliana Moura Bueno.
Segundo a Central Nacional de Denúncias de Crimes Cibernéticos, da SaferNet, as denúncias de misoginia on-line cresceram quase 30 vezes em cinco anos, no Brasil, aumentando de 961, em 2017, para 28,6 mil, em 2022. Além disso, de janeiro a outubro de 2023, a Central de Atendimento à Mulher – Ligue 180 – atendeu 74.584 denúncias de violência contra mulheres. Em 2022, nesse mesmo período, foram 73.685. Em relação a violências contra pessoas LGBTIA+, o Painel de Dados da Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos, o Disque 100, registrou aumento de 300% no número de denúncias só nos primeiros 5 meses do ano passado.