Na véspera da divulgação do relatório bimestral de avaliação de receitas e despesas, onde deverá anunciar um novo corte orçamentário para o cumprimento da meta fiscal, o Ministério da Fazenda divulgou o novo Boletim Macro Fiscal e manteve a previsão para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 2024 em 2,2%, abaixo do avanço de 2,9% registrado em 2023.
A pasta ainda reduziu a estimativa para o crescimento da produção agrícola e melhorou as projeções para as atividades da indústria e do setor de serviços, que tem maior peso no PIB, em torno de 70%. “O crescimento em 2024 deverá ser mais equilibrado, baseado no avanço de setores cíclicos e na expansão da absorção doméstica", destacou o relatório divulgado, nesta quinta-feira (21/3), levando em conta previsões atualizadas até 13 de março, data de fechamento da grade de parâmetros.
A previsão do governo segue mais otimista do que a mediana das estimativas do mercado coletadas no boletim Focus, do Banco Central, de 1,80% para o crescimento do PIB de 2024.
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Apesar da projeção para o crescimento ter permanecido estável, a Secretaria de Política Econômica (SPE) revisou a variação esperada para a agropecuária, que passou de 0,5% para -1,3%. Em contrapartida, a projeção para a expansão do setor de serviços neste ano aumentou, passando de 2,2%, no boletim de novembro, para 2,4%, no atual. Para a indústria, a expectativa de crescimento da também foi revisada para cima, passando de 2,4% para 2,5%.
“O setor deverá ser impulsionado pela recuperação da produção manufatureira e da construção, com reflexo nos investimentos pela ótica da demanda. Para os anos posteriores, espera-se crescimento em torno de 2,5%”, destacou o documento.
Na avaliação dos técnicos da SPE, a reforma tributária deverá garantir ganhos de eficiência e de produtividade para a economia brasileira, “possibilitando reduzir a taxa neutra de juros junto ao novo regime fiscal sustentáve”. Além disso, eles informaram que medidas microeconômicas “vêm melhorando o ambiente para tomada de crédito bancário e no mercado de capitais, com destaque para as possibilidades de renegociação de dívidas, para o novo marco de garantias e para os ajustes regulatórios em instrumentos de captação no mercado privado”.
“As melhores condições de crédito em paralelo ao Plano de Transformação Ecológica e às medidas de estímulo ao investimento, como o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), as linhas especiais para exportação e inovação e o programa de hedge cambial para projetos sustentáveis, devem levar a aumento na taxa de investimento, com efeitos de encadeamento mais significativos para a economia”, ressaltou o relatório.
Para 2025, a previsão da SPE para o crescimento do PIB foi mantida em 2,8%, dado também acima da mediana das estimativas do mercado coletadas pelo Banco Central, de 2%.
As estimativas da Fazenda para a inflação oficial, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) recuou de 3,55% para 3,50%, em 2024, e passou de 3% para 3,10%, em 2025. No boletim Focus, a mediana das previsões do mercado para o IPCA estão mais elevadas, sendo de 3,79%, em 2024, e de 3,52%, em 2025.
“O impacto do El Niño sobre a inflação de alimentos, etanol e nas tarifas de energia elétrica foi menos intenso do que o inicialmente esperado. Além disso, reajustes já observados para itens monitorados neste ano foram inferiores à expectativa, com destaque para licenciamento e emplacamento de veículos e tarifas de energia”, destacou o documento.
Rombo fiscal
No Prisma Fiscal de março, a projeção mediana das estimativas do mercado para o deficit primário de 2024 caiu, confirmando a tendência de queda já observada em meses anteriores, mas continua distante da meta de deficit zero prevista pelo governo. De novembro de 2023 a março de 2024, a mediana das projeções para o rombo fiscal de 2024 caiu de R$ 90,2 bilhões para R$ 82,8 bilhões.
Em janeiro de 2023, a estimativa para o deficit primário de 2024 era de cerca de R$ 120 bilhões. “A melhora nas perspectivas para o déficit reflete o aumento esperado na arrecadação federal e a maior projeção de crescimento nominal”, completou o documento.
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