O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou nesta segunda-feira (4/3) que a inflação de serviços deve ser um ponto de atenção no Brasil. Segundo ele, o indicador está bem acima da média histórica no mundo, o que leva a uma cautela das autoridades monetárias.
“Os últimos números de inflação nos Estados Unidos e na Europa surpreenderam para cima, começamos a ver que a velocidade da desinflação diminuiu. Parte dos serviços da inflação está bastante alta nos países avançados, bem longe da meta. Nos EUA, a inflação de serviços está relativamente alta, mas a inflação de bens, energia, está jogando a inflação para baixo”, comentou, em palestra na Associação Comercial de São Paulo (ACSP).
No Brasil, o presidente do BC observou que a queda dos núcleos de inflação foi mais acentuada, e que a alta de preços está em processo de convergência em direção à meta. No entanto, destacou que a inflação de serviços ainda roda acima do observado antes da pandemia da covid-19.
Ele chamou atenção para o indicador, que pode fazer com que salários comecem a “pressionar um pouco” os preços. “A gente entende que não tem nada hoje que acenda algum tipo de luz vermelha, mas a gente precisa estar atento", avaliou.
O chefe da autoridade monetária afirmou ainda que a atividade econômica surpreendeu positivamente nos últimos anos e disse que já existe, no mercado, um movimento de revisão dos números para cima em 2024. “Economistas têm errado consistentemente. Em 2021, 2022 e 2023, o país cresceu muito mais do que o esperado. Em 2024, começou um movimento de revisão do crescimento para cima", contou.
Campos Neto também pontuou que o mercado financeiro segue sem acreditar no atingimento da meta de o governo zerar o deficit sem suas contas neste ano. “Há diferença entre o que é a meta fiscal do governo e o que o mercado espera. Como o mercado já espera um resultado ruim, a chance é a surpresa ser para melhor”, reforçou o presidente do BC, que disse acreditar em um deficit menor que o previsto pelo mercado, de 0,8% do Produto Interno Bruto (PIB).
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