Em discurso na abertura da 1ª reunião de Ministros de Finanças e Presidentes de Bancos Centrais do G20, nesta quarta-feira (28/2), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, alertou os líderes mundiais sobre uma conjuntura desafiadora e apontou a necessidade de pautas como desigualdade e clima serem tratadas como problemas globais.
“Precisamos entender a mudança climática e a pobreza como desafios verdadeiramente globais, a serem enfrentados por meio de uma nova globalização sócio-ambiental”, destacou o ministro, que participa do fórum de maneira virtual, após ser diagnosticado com covid-19.
Haddad apontou a globalização como grande causadora do acúmulo de riquezas entre um grupo seleto, enquanto a grande maioria encara o aumento da pobreza.“Chegamos a uma situação insustentável, em que o 1% mais rico detém 43% dos ativos financeiros mundiais e emite a mesma quantidade de carbono que os dois terços mais pobres da humanidade”, enfatizou.
“É hora de redefinirmos a globalização. Precisamos criar incentivos para que os fluxos internacionais de capital sejam eficientemente direcionados para as melhores oportunidades, definidas não mais em termos de lucratividade imediata, mas sim de acordo com critérios sociais e ambientais”, emendou.
Segundo o ministro, a integração econômica global “se confundiu com a liberalização de mercados, a flexibilização das leis trabalhistas, a desregulamentação financeira e a livre circulação de capitais”. “Não há ganhadores na atual crise da globalização.”
Tributação progressiva
O chefe da equipe econômica mencionou duas forças-tarefa propostas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para o G20 em 2024, a Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza e a Mobilização Global Contra a Mudança do Clima. Haddad também citou os demais temas que devem ser tratados ao longo dos dois dias do encontro e apontou a tributação internacional progressiva como uma das soluções para resolver o problema da desigualdade.
“Reconhecendo os avanços obtidos na última década, precisamos admitir que ainda precisamos fazer com que os bilionários do mundo paguem sua justa contribuição em impostos”, disse o ministro, que afirmou que uma tributação mínima global sobre a riqueza poderá constituir um “terceiro pilar” para a cooperação tributária internacional.
“Ainda temos muito a avançar, mas tenho a satisfação de dizer que o Brasil está novamente em posição de oferecer uma agenda econômica para a comunidade internacional. Queremos compartilhar nossas experiências, aprender com as experiências de outros países e somar esforços para criar um mundo justo e um planeta sustentável”, finalizou.
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