O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) revelou, nesta segunda-feira (19/2), que a percepção de inflação desacelerou em janeiro em quase todas as faixas de renda, à exceção das duas mais pobres. Influenciada pelo aumento do preço de alimentos essenciais para a mesa do brasileiro, a inflação percebida pela classe de renda mais baixa do Brasil registrou avanço de 0,66%, enquanto que a segunda mais baixa fechou em aumento de 0,59%.
Ao contrário, o segmento de renda alta foi o que registrou a menor taxa de inflação durante o período, com aumento de apenas 0,04%. A explicação se dá, principalmente, pela queda nos preços das passagens aéreas, que são mais movimentadas pela classe de renda maior.
Apesar disso, a taxa acumulada revela que a maior inflação dos últimos doze meses é percebida pelos mais ricos, com um aumento de 5,67% durante o período. Por outro lado, a camada mais pobre sentiu menos o peso da elevação de preços nesse percurso, com um avanço de 3,47%. Diante disso, a classe de renda muito baixa foi a que menos percebeu o aumento da inflação no último ano, segundo o Ipea.
Alimentos mais caros
Em janeiro, os alimentos foram os principais responsáveis pelo resultado negativo entre os mais pobres. Entre os destaques, há o aumento no preço médio dos cereais (6,8%), dos tubérculos (11,1%), das frutas (5,1%) e dos óleos e gorduras (2,1%). Para a técnica de Planejamento e Pesquisa na Diretoria de Estudos e Políticas Macroeconômicas do Ipea, Maria Andreia Lameiras, o parcelamento das compras de supermercado é uma explicação para a maior percepção dos mais pobres em relação à inflação dos alimentos.
“Tendo em vista que a parcela do orçamento gasta com a compra de alimentos é bem maior para as famílias mais pobres, em relação à observada no segmento de renda mais alta, o impacto causado pelo aumento dos preços no grupo alimentos e bebidas gerou uma contribuição à inflação bem mais expressiva no segmento de renda muito baixa (0,44 ponto percentual – p.p.) em comparação à registrada na faixa de renda alta (0,14 p.p.)”, comenta a especialista, na carta de conjuntura divulgada pelo instituto.
A especialista ainda acrescentou que, mesmo em menor escala, o grupo saúde e cuidados pessoais também pressionou a inflação das classes de renda mais baixas, refletindo os reajustes de 0,70% dos produtos farmacêuticos e de 0,94% dos produtos de higiene pessoal.
Passagens mais baratas
Mesmo com o aumento dos preços médios de alimentos e dos serviços pessoais, o recuo de 15,2% dos preços das passagens aéreas e de 10,2% das tarifas de transporte por aplicativo foram as principais responsáveis pelo alívio inflacionário ao segmento de renda mais alta. As duas quedas geraram uma forte contribuição negativa do grupo transportes, segundo o Ipea.
“Em relação às faixas de renda mais elevadas, a alta menos intensa da inflação em janeiro deste ano, comparativamente a janeiro de 2023, veio, sobretudo, da melhora no comportamento das passagens aéreas, cuja deflação de 15,2% este ano foi bem mais intensa que a apurada no ano anterior (-0,51%), além da queda de 0,39% dos combustíveis em janeiro de 2024, frente à alta de 0,68% registrada no mesmo período em 2023”, analisou, Andreia Lameiras.
*Estagiário sob a supervisão de Pedro Grigori
https://www.correiobraziliense.com.br/webstories/2024/01/6789882-5-passos-para-acessar-o-canal-do-correio-braziliense-no-whatsapp.html
Saiba Mais
-
Economia Após dois aumentos, confiança da indústria tem leve queda em fevereiro
-
Economia Haddad sobre Abilio: "Que permaneça seu exemplo de crença na economia nacional"
-
Economia "O Brasil ficou caro antes de ficar rico", diz Alckmin a empresários
-
Economia 15 dicas para investir o seu dinheiro em 2024