SETOR PRODUTIVO

Após dois aumentos, confiança da indústria tem leve queda em fevereiro

Índice de Confiança do Empresário Industrial (Icei) recuou para 52,7 pontos, mas ainda segue dentro de nível de confiança positivo, aponta CNI

O Índice de Confiança do Empresário Industrial (Icei) registrou queda no mês de fevereiro. Os dados, divulgados nesta segunda-feira (19/2) pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), apontam para um recuo de 0,5 ponto neste mês, o que interrompe uma sequência de dois resultados positivos. Com isso, o índice passou de 53,2 pontos para 52,7 pontos, ainda dentro do nível de confiança (acima dos 50 pontos).

Apesar de ser um leve recuo, a queda deste mês foi percebida em todos os componentes que integram o Icei. O Índice de Condições Atuais, por sua vez, regrediu 0,6 ponto, para o patamar de 47,7 pontos, ou seja, em um nível abaixo da linha divisória de 50 pontos. A CNI destaca que o indicador continua a revelar uma percepção de piora das condições atuais em relação aos seis meses anteriores.

Já o Índice de Expectativas recuou 0,5 ponto, para 55,2 pontos, o que indica que está dentro do patamar de otimismo considerado pela CNI. O bom resultado revela que o setor está confiante em relação aos próximos seis meses.

Entretanto, o subcomponente que registra a expectativa em relação aos próximos seis meses da economia brasileira recuou 1,3 ponto e passou de 50,1 pontos para 48,8 pontos. Diante disso, a percepção que a pesquisa revela é que os empresários do país passaram de um nível de otimismo para um sentimento de falta de confiança em relação ao cenário macroeconômico nacional.

Cenário econômico desfavorável

Na avaliação de especialistas, alguns fatores macroeconômicos ainda impactam de maneira mais intensa a produção industrial. Para o gerente de Análise Econômica da CNI, Marcelo Souza Azevedo, as taxas de juros são o principal empecilho. Atualmente, a Taxa Selic é de 11,25% ao ano.

“As taxas de juros vêm caindo, mas seguem bastante elevadas, seguem prejudicando a atividade, seguem reduzindo a demanda, prejudicando investimentos, encarecendo investimentos industriais afetando bastante a atividade industrial como um todo”, avalia o especialista.

Diante disso, a avaliação geral é que deve haver um ambiente favorável ao investimento para retomar o ritmo de crescimento, como sustenta o professor de Economia da Fundação Getúlio Vargas de São Paulo (FGV-SP), Arthur Barrionuevo Filho.

“Isto significa crédito mais fácil, juros mais baixos, mas, principalmente uma expectativa de crescimento continuado da demanda. Quem poderia liderar, investimentos em infraestrutura e o incentivo às exportações de bens industriais, já que o mercado mundial é muito maior do que o nosso e atualmente, vários países querem reduzir sua dependência da China”, avalia o professor.

Segundo ele, seria importante, ainda, formular uma espécie de "poupança pública", para garantir os investimentos do Estado. “Isso significa manter ou aumentar um pouco a carga tributária e reduzir despesas correntes para abrir espaço para investimento público, especialmente em segmentos de infraestrutura que não é rentável para o setor privado, mas que ajuda o desenvolvimento, e gastos em pesquisa e desenvolvimento, em parceria com o setor privado”, reforça.

*Estagiário sob a supervisão de Andreia Castro

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