O diretor de Política Monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, disse nesta sexta-feira (16/2) que o real se comportou bem em 2023, apesar da queda na Selic, taxa básica de juros, a partir da metade do ano passado. O ex-secretário do governo de Luiz Inácio Lula da Silva ainda destacou que o diferencial de juros entre Brasil e Estados Unidos está em queda, apesar de ainda ser vantajoso para o país.
“A gente não tem uma meta de diferencial de juros. A gente tem uma meta de inflação. E assim como a gente falou também que a relação com o fiscal não é mecânica, a relação com a taxa de juros americana não é mecânica”, apontou Galípolo, em live promovida hoje pelo Bradesco Asset.
“A gente está sempre olhando como é que essas variáveis vão impactar nas expectativas de inflação e na inflação corrente. E, olhando para aquelas variáveis, o câmbio é uma delas, como elas tendem a reagir”, completou o diretor de Política Monetária do BC.
A autoridade monetária decidiu reduzir a taxa básica de juros a partir de agosto do ano passado, após permanecer por mais de um ano acima dos 13%. Atualmente, a taxa é de 11,25%, com a expectativa de encerrar o ano aos 9%, de acordo com a projeção do último Boletim Focus, nesta quinta-feira (15).
Ao mesmo tempo, os EUA seguem com os juros em patamares elevados e sem perspectivas de corte a curto prazo. Os analistas de mercado ficaram ainda mais pessimistas com o início dessa fase, a partir da divulgação dos dados da inflação de janeiro no país, que ficaram acima do esperado. O presidente do Fed (Banco Central dos EUA), Jerome Powell, por sua vez, jogou panos quentes nos últimos dias e disse que a economia americana ainda segue robusta.
Diante disso, Galípolo enalteceu o comportamento do câmbio no Brasil e destacou que, pela primeira vez, desde o adoção do regime de câmbio flutuante no país, há 25 anos, o Banco Central não precisou fazer nenhuma intervenção adicional na moeda.
“Historicamente, sempre em dezembro, por uma questão sazonal, o BC costuma fazer uma intervenção adicional de câmbio, e dessa vez não foi necessário, o que vai na linha de dizer que foi um ano, particularmente, de bom comportamento do real, apesar de a gente ter iniciado o ciclo de corte de juros antes dos EUA terem começado”, afirmou.
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