O Índice Omie de Desempenho Econômico das Pequenas e Médias Empresas (IODE-PMEs) indica que o setor de pequenos negócios teve performance superior ao Produto Interno Bruto (PIB) geral do país no último ano. Segundo o relatório assinado pelo economista Felipe Beraldi, gerente de Indicadores e Estudos Econômicos da Omie, o segmento encerrou o ano com expansão de 7%, enquanto a mediana das perspectivas de mercado para o PIB do ano passado, de acordo com o Boletim Focus, se encontra no patamar de 2,9%.
O IODE-PMEs funciona como um termômetro econômico das empresas com faturamento de até R$ 50 milhões anuais, consistindo no monitoramento de 678 atividades econômicas que compõem quatro grandes setores: Comércio, Indústria, Infraestrutura e Serviços.
De acordo com Beraldi, economista e gerente de Indicadores e Estudos Econômicos da Omie, apesar da manutenção das taxas de juros em níveis historicamente elevados no decorrer do ano anterior — que desestimulam o consumo e os investimentos —, as PMEs foram positivamente impactadas pela recuperação da renda das famílias, reflexo dos efeitos mais favoráveis vindos do mercado de trabalho.
A taxa de desemprego atingiu patamar inferior a 8% no decorrer do quarto trimestre de 2023, o que não ocorria desde o início de 2015. O economista avalia que a renda também foi favorecida por diversas medidas de política econômica, como a ampliação do Bolsa Família e a valorização real do salário-mínimo, e pelo maior controle inflacionário observado no país — que tem reflexos diretos sobre o poder de compra das famílias.
“Além deste contexto, a normalização das cadeias globais de produção — após efeitos mais duradouros da pandemia — também favoreceu o desempenho das pequenas indústrias”, afirma.
Indústria em recuperação
O principal contribuinte ao crescimento no ano anterior foi o segmento industrial, em que o indicador mostrou avanço expressivo de 17% ante 2022. “As PMEs da Indústria engataram uma trajetória mais robusta de recuperação a partir do segundo semestre de 2023, após os anos desafiadores de 2021 e 2022, reflexo da recuperação da demanda doméstica e da normalização das cadeias globais de produção — que se refletem em expressiva queda de custos sobretudo para indústrias de menor porte”, destaca.
O setor de serviços também apresentou resultados positivos nos últimos meses, tendo encerrado o ano anterior com avanço de 4,4% ante 2022. A recuperação do segmento, inclusive, contribuiu para os bons resultados vistos no mercado de trabalho, uma vez que a maior parte do crescimento do saldo de trabalhadores formais foi alocada em atividades do setor de Serviços em 2023.
Do ponto de vista das atividades de maior evidência no ano anterior, destacam-se: Alojamento e Alimentação, Atividades administrativas e serviços complementares (como agências de viagens, operadores turísticos, atividades de vigilância e serviços de escritório) e Atividades financeiras.
O índice mostra que houve retração nos segmentos de pequenos e médios empresários do comércio, uma queda de 3,6% ante 2022. O recuo no ano foi observado de maneira disseminada, tanto no segmento varejista, quanto no atacado, que vieram abaixo do esperado apesar das campanhas da Black Friday e do Natal.
Dentre as atividades com pior desempenho em 2023, cabe mencionar Equipamentos para escritórios, Tintas e materiais para pintura, Artigos de iluminação e Equipamentos de telefonia e comunicação.
“Por outro lado, a evolução positiva em segmentos altamente dependentes da evolução da renda das famílias — tais como produtos alimentícios e bebidas — restringiu uma queda mais abrupta das PMEs do comércio varejista no ano anterior”, diz o economista.
O segmento de Infraestrutura, por sua vez, apresentou fraco resultado em 2023. A queda de 2,0% foi ocasionada pela retração em atividades de Obras de infraestrutura e Coleta, tratamento e disposição de resíduos.
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