Junto às previsões, sonhos e planejamentos de início de ano, os consumidores têm de se programar com o bolso. Isso porque, nos primeiros meses do ano, há as cobranças dos impostos sobre Propriedade de Veículo Automotor (IPVA) e o tributo Predial e Territorial Urbano (IPTU).
No Distrito Federal, este ano a cobrança do IPVA começa em fevereiro, e, em maio, será a vez do IPTU. Nos dois casos, o consumidor que decidir quitar a dívida à vista, terá um desconto de 10%, desde que não haja débitos em relação a anos anteriores.
Mas afinal, vale a pena pagar os impostos à vista ou é mais vantajoso dividi-los em parcelas? Para responder essa questão, o Correio consultou o economista Reinaldo Domingos. presidente da Associação Brasileira de Profissionais de Educação Financeira (Abefin). Segundo ele, a escolha por pagar à vista ou parcelado vai depender da situação financeira de cada pessoa.
Ele separou os consumidores em três grupos: endividado, equilibrado financeiramente e investidor. O primeiro é a pessoa que tem dívidas a pagar. Segundo o economista, os consumidores endividados e os com a saúde financeira em dia devem optar por pagar o IPTU e o IPVA em parcelas.
"Na primeira e na segunda situação, já se sabe que [o cidadão] não conseguirá realizar o pagamento inteiro de uma vez, sobrando o caminho do parcelamento”, avalia Reinaldo Domingos. Já no caso de a pessoa, além de estar com as contas em dia, for uma investidora, o presidente da Abefin recomenda o pagamentos do IPTU e do IPVA à vista.
“Caso a situação financeira esteja mais confortável, sendo investidor, recomendo, sem dúvida nenhuma, que o pagamento seja feito à vista, dependendo do desconto que consegue nessa forma de pagamento, lembrando que a maioria das vezes esse é melhor que a maioria dos investimentos”, detalha Domingos.
No Distrito Federal, o pagamento à vista tanto do IPTU como do IPVA dará ao cidadão um desconto de 10%.
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IPTU e IPVA no DF
Em relação ao IPVA, o pagamento à vista ou da primeira parcela, para quem quiser dividir o total, vence entre 19 e 23 de fevereiro. Se o contribuinte optar pelo parcelamento, o máximo é em até seis vezes, com valores iguais, que não podem ser inferiores a R$ 50 cada. Sendo assim, se o valor do IPVA for menor do que R$ 100, só poderá ser pago em cota única. A ordem de datas para recolhimento do imposto é estipulada com base no fim da placa.
O IPTU também pode ser dividido em seis vezes ou ser pago em cota única. Nesse caso, o vencimento das parcelas começa em 13 de maio e segue de acordo com o número da inscrição do imóvel. O reajuste do imposto acompanha o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), de 3,62%. No mesmo boleto, entra a cobrança da Taxa de Limpeza Pública (TLP).
A previsão de arrecadação com os dois tributos, de acordo com o GDF, é de R$ 3,2 bilhões, — R$ 1,7 bilhão do IPVA e R$ 1,4 bilhão do IPTU.
IPVA tem preocupações extras
Em relação ao IPVA, alguns pontos devem ser levados em conta em relação as opções de pagamento. Se a intenção do consumidor for a de vender o carro nos próximos meses, pagar o IPVA integralmente pode resultar em um dispêndio desnecessário, uma vez que a quantia paga refere-se a um bem que será de outra pessoa em breve.
Se a condição financeira não permite o pagamento integral do IPVA, é momento de reavaliar a necessidade do veículo, evitando que ele se torne um ponto de desequilíbrio financeiro. Organizar-se para o próximo ano é essencial, permitindo uma escolha consciente entre pagamento à vista ou parcelado.
Planejamento e reserva
As cobranças de IPTU e IPVA são como as superstições de Réveillon: todo ano tem e isso sempre se repetirá. Diante disso — da mesma forma que as famílias vão programar uma viagem de fim de ano ou ano —, o pagamento desses tributos devem ser programados com antecedência.
De acordo com o presidente da associação de educação financeira, os gatos com impostos devem entrar nas contas e junto aos custos de material escolar, seguros, aluguel e matrícula. "Como a maioria não faz isso (programar com antecedência), agora as despesas com IPTU e IPVA terão que ser somadas a outros gastos", conta.
Esse planejamento, sintetiza Domingos, é um dos princípios básicos da educação financeira, ou seja, primeiro se poupa, depois se gasta, e não se gasta para então ver como fará para honrar com o compromisso. Claro que, para quem não pensou nisso antes, está um pouco em cima da hora, porém, antes tarde do que nunca, e esse também pode ser um alerta para que, no ano que vem, não repita o erro.
A mudança de atitudes, na avaliação do economista, é outro aspecto comportamental necessário à construção de um educação financeira e de contas pessoais em dia. A mudança de comportamento, acrescenta Domingos, agiria no intuito de resolver a causa do problema e não a consequência de não estar em dia com as finanças pessoais.