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Endividamento cai pela primeira vez desde 2019, mas inadimplência é recorde

Segundo o presidente da CNC, é a primeira vez em dez anos que as famílias brasileiras terminaram o ano menos endividadas do que começaram

A taxa anual de endividamento caiu pela primeira vez em quatro anos. Segundo dados da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), divulgada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) nesta quinta-feira (11/01), o indicador apresentou leve recuo de 0,1 ponto percentual em 2023, o equivalente a aproximadamente 108 mil pessoas.

A conta fechou em 77,8% da população, ainda distante dos 58,3% de 2012, menor índice da série histórica, iniciada em 2010. O endividamento no cartão de crédito também caiu na mesma proporção e chegou a 86,5% dos endividados — porcentagem que, em 2010, era de 70,9%.

Já o uso de cheque especial ficou em 4,4% e é o menor desde o começo da pesquisa, quando era usado por 8,3% dos endividados. A média de comprometimento da renda com pagamento de dívidas em 2023 ficou em 30%, uma queda de 0,2 ponto percentual em relação ao ano passado.

Segundo o presidente da CNC, José Roberto Tadros, é a primeira vez em dez anos que as famílias brasileiras terminaram o ano menos endividadas do que começaram. “As melhorias ocorridas no mercado de trabalho ao longo do ano e a trajetória de queda dos juros básicos da economia influenciaram as condições de crédito ao consumidor, o que resultou diretamente na redução, mesmo que tímida, do indicador”, avalia.

Inadimplência recorde

O número de inadimplentes, por sua vez, chegou a 29,5% dos brasileiros e é o maior desde 2010, quando o número era de 24,9%. Destes, 41,2% afirmam não ter condições de pagar as dívidas atrasadas, 4 pontos percentuais a mais que em 2022. A maior parte dos inadimplentes, 46,2%, está com mais de três meses de atraso, 3,2 pontos percentuais acima do ano passado.

A inadimplência aumentou em todas as faixas de renda: são 37,3% entre as que ganham até três salários mínimos, contra 36,7% no ano passado; 27,4% entre as que ganham entre três e cinco salários, contra 26,6% em 2022; e 22,3% entre as que ganham até dez salários, contra 20,8%, a maior alta dos três grupos.

O economista-chefe da CNC, Felipe Tavares, destacou a diferença entre os conceitos de inadimplência e de endividamento. “Endividamento é algo fundamental para o desenvolvimento econômico, pois o crédito é o trampolim do sistema capitalista”, ressalta o economista. “A inadimplência é um resultado adverso do endividamento, causado pela baixa renda do brasileiro e pela volatilidade da economia do país”, explica Tavares.

 

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