O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, voltou a negar que o governo fará qualquer interferência no comando da Vale. A proximidade do fim do mandato do CEO da companhia, Eduardo Bartolomeo, que vai até o fim de maio, acabou expondo um impasse entre o governo e a mineradora.
Nos bastidores, está sendo ventilada a informação de que o PT, partido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, opera agora para que o ex-CEO da empresa Murilo Ferreira retorne ao cargo. Ele esteve à frente da mineradora de 2011 a 2017, eleito com o apoio da então presidente Dilma Rousseff.
“Eu não o conheço (Murilo Ferreira), só ouvi falar de nome. A Vale segue um caminho natural da sua governança e natureza jurídica, que tem seus investidores nacionais e internacionais, que escolhem de forma interna seus dirigentes”, disse Silveira, após coletiva de imprensa nesta quarta-feira (31/1).
O nome do ex-ministro Guido Mantega também foi cotado por Lula, que voltou atrás após a ideia não ser bem recebida pelo mercado. Na semana passada, depois de reunião com o presidente, o ministro de Minas e Energia declarou que Lula "nunca se disporia a fazer interferência direta" em uma empresa de capital aberto.
Durante o governo Bolsonaro, o ex-ministro da Economia Paulo Guedes transformou a Vale em uma Corporation, com ações pulverizadas e sem um bloco de controle acionário. O cenário é bem diferente daquele dos governos Lula 1 e 2, quando o presidente da República tinha influência na escolha do CEO da empresa.
A Vale tem atualmente 91,3% do seu capital privado, o cargo depende do voto de 13 conselheiros. A influência do governo sobre a empresa hoje se limita a 8,7% das ações que pertencem ao Previ (Caixa de Previdência dos Funcionários do Banco do Brasil).
Martelo será batido na sexta-feira
O Conselho de Administração da empresa está passando por uma reunião ordinária nesta quarta (31) para tratar de assuntos diversos. Nesta sexta-feira (2/2) está marcada uma reunião extraordinária com o objetivo específico de definir um nome para o comando da mineradora.
O atual CEO sinalizou interesse em seguir na empresa, mas o governo e parte dos acionistas não concordam com sua manutenção. Bartolomeo assumiu o comando da Vale em 2019 diante do afastamento de Fabio Schvartsman, após o colapso da barragem de rejeitos de Brumadinho (MG), que deixou 270 mortos e fez a Vale firmar acordo de reparação de R$ 38 bilhões.
O executivo foi reeleito em 2021 e, pelas regras, pode ser reconduzido ou ter sua sucessão iniciada. A política de sucessão da Vale prevê que o processo “deve ser iniciado entre 6 e 4 meses antes do vencimento do prazo de gestão (mandato)” do atual ocupante.
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