O etanol estava mais competitivo em relação à gasolina no Distrito Federal e em outros oito estados na última semana de dezembro. Segundo um levantamento da da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), o etanol tinha paridade de 65,19% ante a gasolina na capital federal, sendo mais vantajoso em comparação com o derivado do petróleo.
Como o rendimento do etanol é de cerca de 70% da gasolina, os usuários do biocombustível tem uma vantagem quando a paridade fica abaixo dessa porcentagem. Alagoas, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraíba, Paraná, Rio de Janeiro e São Paulo, também registraram preço mais favorável, no restante dos estados, continua mais vantajoso abastecer o carro com gasolina.
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Segundo o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis do DF (Sindicombustíveis-DF), Paulo Tavares, a queda nos preços foi influenciada principalmente pela boa safra da cana-de-açúcar e pela decisão das usinas de eliminar estoques, com o intuito de diminuir custos e baratear o combustível. “Essa maior competitividade se deu por vários fatores, a safra da cana em 2023 foi muito boa para o etanol, não teve quebra de safra. Isso fez com que se acumulasse uma abundância de produtos”, destacou.
Após um período de suspensão, a cobrança de PIS/Cofins foi retomada integralmente para a gasolina e o etanol em junho de 2023, ajudando a pressionar os preços dos combustíveis, especialmente da gasolina nas bombas. Tavares explicou que a medida acabou aumentando a competitividade da gasolina e consequentemente aumentando os estoques sobrando de etanol. “Com uma safra muito maior e pouco consumo do produto, que ficou em estoque nas usinas, tivemos sobra do combustível. Para se ter ideia, o etanol bateu na casa dos R$ 4,80 na usina em 2022 e hoje ele está a menos de R$ 2,00. Isso obviamente provocou essa redução”, afirmou.
O Correio foi nos postos de combustíveis em Brasília, comparar os preços. A gasolina está variando R$ 5,09 a R$ 5,69. Já o etanol, R$ 3,19 a R$ 3,50. Quando se compara o valor dos dois combustíveis, há uma diferença de cerca de R$ 2 mais caro. Para a empresária Marina Dantas, 42, os preços dos combustíveis permanecem caros. “Quando eu comecei a dirigir, a 20 anos, eu enchia o tanque do carro com R$40. Hoje em dia, eu costumo abastecer mais com o álcool, pois acaba saindo mais em conta, do que com a gasolina”, explicou.
Balanço do ano
O preço médio da gasolina apresentou alta de 12,5% no acumulado do ano nos postos do país. Os valores saíram de R$ 4,96 na última semana de 2022 para R$ 5,58 na semana de 24 a 30 de dezembro de 2023. Por outro lado, tanto o diesel quanto o etanol terminaram o ano mais baratos. O etanol encerrou o ano com uma queda de 11,6%, o combustível encerrou 2022 custando R$ 3,87 e na última semana de 2023 o valor médio encontrado foi de R$ 3,42. Já o diesel acumulou queda de 6,24%, passando de R$ 6,25 em 2022 para R$ 5,86 no ano passado.
Diversos fatores ajudam a explicar a variação nas bombas. Entre eles, a reoneração dos combustíveis, a cotação internacional do petróleo, o câmbio e os reajustes de preços pela Petrobras às refinarias. Em maio, o governo Lula anunciou uma nova política de preços para a Petrobras, abandonando o preço de paridade de importação (PPI), outra importante mudança.
Para 2024, está projetado o aumento do Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), um tributo estadual. A alta será de 12,5% nas alíquotas do imposto sobre a gasolina, o diesel e o gás de cozinha. “A diferença hoje para se ter uma ideia para comprar gasolina e etanol da distribuidora é de R$ 2,00, isso fez com que o consumo crescesse muito e acho que vai durar o ano inteiro, porque tem muito etanol sobrando nas usinas”, projeta o presidente do Sindicombustíveis.
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