A agência de classificação de risco Standard & Poor's (S&P) aumentou, ontem, a nota de crédito do Brasil. Passou de BB- para BB, o que indica maior estabilidade para o cenário de risco a curto prazo. A agência destacou a aprovação da Reforma Tributária como fator positivo, mas cita insegurança fiscal e adota tom de cautela sobre o futuro.
Em junho deste ano, a S&P tinha mantido a nota de crédito do Brasil em BB-, ressaltando o cenário de indefinição em um momento em que a reforma estava em discussão no Congresso. No entanto, à época, decidiu mudar a expectativa para positiva. Agora, porém, salienta que fatores internos e externos favoreceram a economia brasileira.
"A perspectiva estável reflete nossa expectativa de que o Brasil manterá uma posição externa forte, graças à forte produção de commodities e às necessidades limitadas de financiamento externo", observa a S&P.
Segundo a agência, o Brasil passa por um momento de boa estrutura institucional, garantida pelos Três Poderes, que criam cenário estável na economia. "Acreditamos também que a estrutura institucional do Brasil pode sustentar a formulação de políticas estáveis e pragmáticas, com base em amplos freios e contrapesos nos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário do governo. Esperamos uma correção fiscal muito gradual, mas antecipamos que os déficits fiscais permanecerão elevados", enfatiza.
Ao comentar a elevação da nota de crédito do Brasil, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o Brasil precisa crescer acima da média mundial e crê que isso será inevitável se os Poderes trabalharem "bem". "Se trabalharmos bem, não tem como não crescer acima da média. São duas coisas que temos que nos fixar. Mas isso tudo depende do trabalho conjunto entre Executivo, Legislativo e Judiciário", observou, acrescentando que o crescimento da economia brasileira e o novo arcabouço fiscal irão garantir "ambiente de estabilidade", junto da recomposição da base fiscal do Estado.
Comemoração
Em publicação no X (antigo Twitter), a ministra do Planejamento, Simone Tebet, comemorou a elevação do rating do Brasil. "A elevação da nota de crédito do Brasil por mais uma agência de risco confirma que o país está no rumo certo. Entre tantas boas medidas, importante ressaltar a parceria do governo do presidente Lula com o Congresso Nacional, que garantiu a aprovação da Reforma Tributária, após 35 anos", observou.
Por meio de nota, o Tesouro Nacional também comemorou e afirmou que o anúncio da S&P confirma a melhora da trajetória do rating "diante da continuidade dos esforços empreendidos" pelo governo na agenda de reformas "necessárias" ao país e à consolidação fiscal. "Essa decisão vai na linha da sinalização dada pela agência em junho de 2023, quando da revisão da perspectiva da nota de crédito do Brasil de estável para positiva", frisou o órgão.
Em evento no Correio Braziliense, o secretário-executivo do Ministério do Planejamento, Gustavo Guimarães, também exultou com a subida da nota do Brasil. "A gente está a dois passos do paraíso porque estamos a duas notas para voltar ao grau de investimento, que é de onde o país não deveria ter saído. Esse trabalho está sendo reconhecido e vamos continuar, ao longo dos próximos anos, seguindo nessa linha", garantiu, salientando que a aprovação da reforma colaborou com a melhora da avaliação dos mercados.
O resultado da S&P se refletiu no Ibovespa, que atingiu, ainda pela manhã, o inédito nível de 132 mil pontos e voltou a ganhar dinamismo à tarde. No fechamento — em máxima histórica pela terceira vez nas últimas quatro sessões, duas delas consecutivas —, mostrava 131.850,90 pontos. No melhor momento do dia, bateu em 132.046,93 pontos, com giro a R$ 20,6 bilhões. (Com Agência Estado)Saiba Mais