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Rede Giraffas comemora faturamento recorde e mira expansão

Fechando 2023 com recorde de faturamento, o Giraffas saiu de Brasília para o mundo. Ao Correio, Carlos Guerra, fundador e CEO da empresa, fala sobre os planos para o futuro, faz balanço do governo Lula e celebra a importância da competição no mercado

Fundada em Brasília no ano de 1981, a rede Giraffas celebra em 2023 um faturamento recorde de cerca de R$ 930 milhões e cerca de 10 mil empregados no Brasil. Segundo Carlos Guerra, fundador e CEO da empresa, o crescimento deve ficar em torno de 16% em 2023 — em relação ao ano anterior. "Considerando a conjuntura, diria que o Giraffas teve um desempenho excepcional", comenta o empresário.

"Não vamos alcançar nossa meta propriamente dita, mas vamos ter um crescimento em 2023 de cerca de 16% com relação a 2022. O nosso setor (de alimentação) deve ficar em média em 10%, então tivemos um crescimento acima da média do nosso setor, o que é excelente", pontua.

Até novembro deste ano, foram abertos 29 novas lojas do Giraffas no país. Para 2024, espera-se 30 novas lojas. E a expectativa é de mais crescimento: "Temos a expectativa de no ano que vem arrecadar mais de R$ 1 bilhão, com crescimento no número de lojas".

Ao Correio, Guerra falou sobre a linha que a empresa adotará para o futuro, como conseguiu sobreviver a pandemia, como encara a reforma da previdência, novas tecnologias, concorrência internacional no mercado de fast-food e até mesmo opinou sobre o primeiro ano do governo Lula. De acordo com o empresário, "o primeiro ano do governo Lula eu posso dizer que foi até surpreendentemente melhor do que esperávamos", aponta.

O segredo do sucesso, segundo Guerra, não é tão misterioso assim. "O que estamos fazendo há um tempo é transformar o Giraffas em uma referência de qualidade, tanto de produtos, serviços quanto tecnologia agregada e treinamentos, tudo com objetivo manter o cliente no centro das nossas relações. Todas as nossas ações e nossos investimentos é para que a gente tenha o melhor serviço possível, com a melhor qualidade".

Contrário a onda de "empresários políticos" que se popularizou no Brasil nos últimos anos, Guerra recusa uma ligação direta com a política. "Até gosto do assunto, mas nenhuma vontade e nem tenho a capacidade pessoal de me envolver com política. Nenhuma possibilidade. No máximo, opinar e acompanhar".

Reforma tributária e a interferência do governo

Guerra é claro em relação a vontade de interdependência do Giraffas em relação ao governo. Segundo o empresário, é natural que o ambiente de negócio seja atingido pelas ações governamentais, contudo, trabalha para que tal contato seja o menor possível. "Nós trabalhamos em longo prazo. Prestamos atenção à conjuntura, mas pensamos no sentindo de longo prazo, independente da política".

Sobre o primeiro ano do novo governo Lula, Guerra é enfático: o balanço é positivo. "O primeiro ano do governo Lula eu posso dizer que foi até surpreendentemente melhor do que esperávamos. Tivemos (um) crescimento maior do que o esperado, tivemos crescimento em vários aspectos, jurídico, institucional, como a aprovação da reforma tributária. Houve avanços positivos neste primeiro ano de governo Lula, mas viemos fazendo um trabalho já há muito tempo".

Sobre a reforma tributária — aprovada pela Câmara dos Deputados em segundo turno na última semana —, Guerra faz ponderações. "O setor de serviços vai sofrer um pouquinho a mais do que outros setores. Eu vejo a reforma tributária com ânimo, mas acho que alguns benefícios para alguns setores vão trazer sobrecarga para outros setores. (Mas), independente de haver aí uma sobrecarga (de taxação) a mais ou não, eu acho que vai trazer um dinamismo maior para a economia como um todo. A maioria dos nossos restaurantes são do Simples Nacional (sistema de tributação simplificada) e isso permanece. Acho que ela poderia ser um pouco mais equânime, (mas) para a economia, para os negócios, para o ambiente de negócios, eu acho que o Brasil vai ganhar. E isso acontecendo, nós vamos ganhar também". 

Delivery, empregabilidade e concorrência

Apesar de apontar um "oligopólio" dos serviços de delivery do país, Guerra prefere abordar o serviço mais como uma parceria do que como uma ameaça. "(A grande participação de mercado destas empresas) não traz nenhum problema de relacionamento, muito pelo contrário, essa participação é pela eficiência desse mercado".

"Agora, se você tivesse um ambiente mais competitivo, sem dúvida seria melhor para o consumidor, seria melhor para o restaurante, seria melhor para o mercado de uma maneira geral. É uma pena até que isso não aconteça", pondera.

Sobre a voraz competição no mercado de restaurantes fast-food (especialmente em relação a marcas norte-americanas), Guerra reforça que outras empresas, na verdade, trouxeram aspectos positivo ao setor. "Não adianta a gente reclamar da competição, pois ela também traz benefícios. Por exemplo, quando o McDonald's chegou em Brasília, se eu não me engano, em 1987, nós tínhamos quatro restaurantes. E hoje, quase 40 anos depois, eles têm uns 30, 35 restaurantes no Distrito Federal. Nós temos 70. Então, de alguma forma, essa concorrência foi boa para o mercado".

Confira a entrevista completa

 

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