AGRONEGÓCIO

PIB do agro deve cair 0,94% em 2023 em relação a 2022

Apesar do recorde na produção de grãos, relatório da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (CNA) mostra que a margem de lucro dos produtores caiu por causa do aumento dos custos e queda de preços

A agricultura brasileira apresentou recorde na produção de grãos na safra 2022/2023, atingindo 322,8 milhões de toneladas na safra. A informação está no relatório sobre balanço do setor, divulgado na manhã desta quarta-feira (5/12) pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).

Apesar da produção recorde, segundo o documento, o Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio deve sofrer um recuo de 0,94% em relação a 2022. O documento mostra que o Valor Bruto da Produção deve alcançar R$ 1,24 trilhão, redução de 2,2% ante 2022.

Analisando apenas a agropecuária, ou seja, o cultivo na agricultura e a criação de animais, o PIB do setor deverá crescer 14,5% em 2023, correspondendo a 47% do PIB total do Brasil.

O documento mostra ainda que a margem de lucro do produtor rural brasileiro foi menor. A margem bruta da soja, por exemplo, teve redução de 68% em comparação com a safra 2021/22, segundo dados do Projeto Campo Futuro, parceria entre o Sistema CNA e a USP.

Apenas no milho primeira safra houve queda de 134% na margem do produtor. Já na segunda safra do produto, o valor foi reduzido em 122%.

“Tivemos um ano de safra cheia e bolso vazia”, comentou o diretor técnico da Confederação, Bruno Lucchi. “Foi uma safra das mais caras da história. O custo de produção se elevou, influenciado por fatores como o custo de fertilizantes. O preço também foi bem menor”, acrescentou, ao afirmar que a queda nos preços variou de 20% a 30%. “Foi um ano caracterizado por margens muito estreitas”.

Os custos de produção elevados e a queda no preço das commodities comprometeram a receita dos produtores. Na pecuária de leite e de corte as margens dos produtores também estão menores e a perspectiva da entidade para o próximo ano é de que o cenário de margem reduzida do produtor permaneça.

Lucchi apontou também a “insegurança jurídica” como fator que desestabilizou a agropecuária em 2023. O diretor citou como exemplo insegurança jurídica, o crescimento do número de invasões de propriedades rurais e o debate sobre o marco temporal.

“Somente nos 11 meses de 2023 foram 71 invasões, número muito maior que as invasões que tivemos nos últimos quatro anos. Isso tirou o sossego de muitos produtores que colocaram um freio nos investimentos”, contou. “Esperamos derrubar os vetos do presidente Lula ao marco temporal, para que haja mais segurança jurídica”, completou.

Para 2024, a CNA espera resultado do PIB no agronegócio próximo à neutralidade ou queda de até 2% em relação à 2023. O PIB agropecuário deve ficar em 1,5%. Influenciarão na performance menor, questões geopolíticas como as guerras e questões climáticas, com alterações na temperatura média e nos índices de chuvas provocadas pelo fenômeno El Niño.

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