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Observatório do Clima: Brasil erra ao apostar em mais petróleo

Para a coordenadora de Políticas Públicas da entidade, Suely Araújo, "não existe petróleo sustentável". Ela diz que o país está "dando um tiro no pé" ao ampliar as áreas de produção do combustível fóssil

Coordenadora de Políticas Públicas do Observatório do Clima, Suely Araújo critica no debate do Correio a opção do país de ampliar as áreas de exploração de petróleo -  (crédito: Minervino Júnior/CB/D.A.Press)
Coordenadora de Políticas Públicas do Observatório do Clima, Suely Araújo critica no debate do Correio a opção do país de ampliar as áreas de exploração de petróleo - (crédito: Minervino Júnior/CB/D.A.Press)
postado em 19/12/2023 20:48

O Brasil está adotando uma postura contraditória ao defender a transição energética e, ao mesmo tempo, estimular o aumento da produção interna de combustíveis fósseis. Essa é a avaliação da coordenadora de Políticas Públicas do Observatório do Clima, Suley Araújo, que participou, nesta terça-feira (19/12) do seminário CB Debate Desafios 2024: o Brasil no rumo do crescimento sustentado, na sede do Correio, em Brasília. Para a especialista, petróleo sustentável é “fake news”.

“A crise climática já chegou”, disse ela, ao apontar a necessidade de priorizar a adaptação ao novo normal da temperatura do planeta em vez de buscar formas de mitigar o problema. “Não há mais tempo, já gastamos nosso orçamento de carbono. A crise está aí e temos que lidar com ela”, alertou Araújo, que participou do último painel do dia, cujo tema foi O clima não pode esperar.

 

 

Ela criticou fortemente a política energética do governo, que estimula o aumento da produção de petróleo com a licitação de novas áreas de exploração, incluindo a Margem Equatorial, que abrange parte do litoral do Nordeste e todo o trecho marítimo da Região Norte.

"Essa opção, em plena crise climática, é complexa. A Petrobras tem tecnologia para reduzir emissões, mas é a queima do petróleo que mais compromete (os esforços de frear o aquecimento global). Não existe petróleo sustentável, isso é fake news" Suely Araújo, coordenadora de Políticas Públicas do Observatório do Clima

Suely Araújo lamentou que a atual política energética do governo de Luiz Inácio Lula da Silva, com estímulos à ampliação da produção de petróleo e o recente anúncio de adesão à Opep Mais — versão ampliada da Organização dos Países Produtores de Petróleo, cartel dos maiores produtores globais —, esteja “sombreando” as conquistas “valorosas” do país nas áreas ambiental e de transição energética. Para ela, o Brasil está dando “um tiro no pé ao apostar em um mercado que está em franca redução”.

A especialista lembra que as novas áreas de produção, licitadas neste mês pela Agência Nacional do Petróleo, só vão começar a produzir comercialmente em, n oi mínimo, uma década. Nesse período, o Observatório do Clima prevê que a participação dos combustíveis fósseis na matriz energética global já estará bem reduzida. “Há uma contradição evidente, posicionamentos conflitantes. O anúncio da (adesão à) Opep não faz nenhum sentido”, criticou ela.

Para Suely Araújo, o país precisa “assumir a liderança do enfrentamento da crise climática” e fazer “a ponte” entre os países mais pobres e as nações desenvolvidas. “O petróleo gera dinheiro, mas não gera justiça social, benefícios para a população”, concluiu.

O Observatório do Clima é uma associação de 95 organizações não governamentais envolvidas nas questões ambientais e climáticas. A entidade acompanha e pesquisa, há mais de 20 anos, o aquecimento global e os impactos na sociedade e na economia. 

 

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