O ano de 2023 foi marcado por uma série de desafios globais que impactaram diretamente o Brasil, como os impactos dos conflitos geopolíticos até ameaças de recessão e desaceleração econômica em diferentes partes do mundo. Durante participação no CB Debate Desafios 2024: O Brasil no rumo do crescimento sustentado, nesta terça-feira (19/12), na sede do Correio Braziliense, o sócio da BMJ Consultoria, Welber Barral, enfatizou a necessidade de uma política de atração de investimentos e a retomada do Brasil como protagonista em acordos comerciais internacionais.
“Precisamos de uma política de atração de investimentos, pois o Brasil volta à política de não intervenção e autodeterminação, que é extremamente importante. Com ênfase no fortalecimento do BRICS e do G20, estamos em acordos comerciais do Mercosul, o Brasil volta a atuar no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) e na reforma da Organização Mundial do Comércio (OMC). Então temos uma agenda ativa na volta do Brasil no cenário internacional e isso traz para a sustentabilidade, várias preocupações que também podem ser oportunidades”.
- Transição energética: "Temos recursos, mas não tecnologia", diz Sandra Utsumi
- Para Armínio Fraga, o Brasil está "brincando com fogo" na política fiscal
- "Criar emprego precisa de investimento interno", afirma Vagner Freitas
O cenário internacional, permeado por preocupações com segurança alimentar devido a crises climáticas, “é algo que pode se tornar um barreira contra as exportações brasileiras”, porém abre oportunidades para o Brasil na transição energética. Barral destacou a importância de o Brasil se posicionar como líder na economia e no comércio exterior. “O Brasil tem uma enorme oportunidade de transição energética, por isso precisamos de uma agenda propositiva. O Brasil deve ser uma liderança na economia verde, economia circular, créditos de carbono e todo o processo de carbonização que passa a ser um elemento central no comércio exterior. Nós temos desafios regionais, o Mercosul pede relevância comercial, mas ele ainda é o principal destino das exportações industriais brasileiras, nós temos que levar isso em consideração”.
Sobre a Argentina, Barral acredita nas oportunidades no mercado do país para a indústria brasileira, evidenciando a relevância de "desideologizar" as relações e buscar interesses concretos. Quanto à Venezuela, aponta para uma oportunidade única com a transição política em curso, incentivando o Brasil a retomar investimentos e fortalecer sua presença geopolítica na região.
“Existem enormes oportunidades no mercado argentino para o Brasil, na relevância para a indústria brasileira, oportunidades na recuperação econômica, necessidade de coordenação em novas energias, lítio e gás. O gás argentino pode representar muito para a recuperação industrial do Brasil, além de uma oportunidade monetária para o Real”, observou.
“O Brasil tem interesses concretos na região. Temos que desideologizar a segunda grande oportunidade, a Venezuela. O Brasil chegou a exportar US$ 5 bilhões anuais para a Venezuela, hoje é menos de US$ 1bilhão. Temos que retomar esses investimentos, há uma enorme oportunidade com a transição política da Venezuela. Além da relevância geopolítica, nós não queremos nem americanos e nem russos na nossa área natural de influência, é uma prioridade para o Brasil. É necessário uma abordagem em toda região latino-americana e a Venezuela é o exemplo mais claro disso”, finalizou o sócio da BMJ Consultoria, Welber Barral.
O evento reforça a visão de que o Brasil não pode se desenvolver isoladamente e destaca a importância da integração na região latino-americana.
*Estagiária sob a supervisão de Pedro Grigori
Saiba Mais
Gostou da matéria? Escolha como acompanhar as principais notícias do Correio:
Dê a sua opinião! O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores pelo e-mail sredat.df@dabr.com.br