NEGÓCIOS

Brasil já representa quase 30% do faturamento da TAP Air Portugal

País se tornou estratégico para a companhia aérea. Um em cada três brasileiros que cruzam o Atlântico entra na Europa por Lisboa ou pelo Porto voando pela empresa, que está sendo preparada para a privatização

Presidente da TAP Air Portugal, Luís Rodrigues, afirma que Brasil, Estados Unidos e Portugal, com voos internos, são os três principais mercados da companhia -  (crédito: Vicente Nunes/CB/DA Press)
Presidente da TAP Air Portugal, Luís Rodrigues, afirma que Brasil, Estados Unidos e Portugal, com voos internos, são os três principais mercados da companhia - (crédito: Vicente Nunes/CB/DA Press)
postado em 15/12/2023 15:53

Lisboa — Um em cada três brasileiros que cruzam o Atlântico em direção à Europa voa pela TAP e tem Portugal como porta de entrada. Não por acaso, o Brasil se tornou extremamente estratégico para a empresa, que está em processo de privatização. Nos nove primeiros meses do ano, os 13 voos de Lisboa e do Porto com destino a 11 cidades do país representaram quase 30% do faturamento da companhia área. As receitas oriundas das operações com o Brasil aumentaram 28% ante 2022. Nenhum outro mercado apresentou salto tão expressivo.

Segundo o presidente da TAP Air Portugal, Luís Rodrigues, Brasil, Estados Unidos e Portugal, com voos internos, são os três principais mercados da companhia e devem continuar sendo por um bom período, tamanho potencial de crescimento. “O Brasil é o nosso principal mercado, os Estados Unidos nos oferecem um grande potencial de crescimento e Portugal é a nossa sede. Portanto, é nesses mercados que estamos focados neste momento”, afirmou. A empresa registrou lucro líquido de 203,5 milhões de euros (R$ 1,1 bilhão) entre janeiro e setembro, 12,7% a mais do que em igual período do ano anterior.

Apesar dos bons resultados, a empresa enfrenta sérias limitações para ampliar a oferta de voos. É que no plano estratégico até 2025, ficou acertado que a companhia pode operar, no máximo, com 99 aviões, limite já atingido. Portanto, explicou Rodrigues, somente depois desse período será possível mexer nas rotas operadas pela companhia. “Hoje, com Brasil, Estados Unidos e Portugal garantindo resultados tão bons, não temos como tirar um voo de um lugar e colocar em outro. Vamos manter a estratégia que está em andamento e garante bons resultados financeiros para a empresa”, assinalou.

Ano tumultuado, com CPI

O executivo destacou que 2023 começou bastante tumultuado do ponto de vista político para a TAP, que estava no centro das atenções de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Assembleia da República, por conta de uma série de denúncias de irregularidades. Agora, superado esse processo, a empresa deixou o noticiário negativo e a missão da atual direção, que assumiu há seis meses, é transformá-la em uma companhia de excelência, entre as melhores do mundo. “Ainda estamos em um momento complexo de reestruturação. Foi muito difícil o que a empresa teve de passar para estar aqui hoje, mas a TAP já é uma das 10 companhias mais rentáveis do mercado de aviação”, assegurou.

Rodrigues disse ser a favor da privatização da companhia aérea, para que possa ganhar mais musculatura num mercado altamente competitivo. Mas o andamento do processo só será definido depois de março de 2024, quando haverá novas eleições. O socialista António Costa pediu demissão do cargo de primeiro-ministro depois de ser acusado de corrupção, e o presidente da República, Marcelo Rebelo de Souza, dissolveu o Parlamento. O governo é o principal acionista da empresa.

“Os novos representantes do acionista vão dar a direção da empresa. O que podemos dizer é que, dentro da organização, temos de atuar como se não fosse haver privatização. Por uma razão muito simples: não podemos paralisar os negócios e prejudicar a empresa. Se tentarmos ser uma das companhias mais rentáveis do mercado, como já ocorre, vão chegar aqui e dizer: deixe andar. E tomarão as devidas decisões”, ressaltou o executivo.

A atual gestão da TAP acredita que, dentro de um grupo mais forte, a empresa terá condições de reduzir custos em uma série de operações, inclusive na compra de aviões, devido ao poder maior de barganha. Hoje, há três grupos fortes na Europa de olho na TAP. Um, liderado pela alemã Lufthansa, outro comandado pela Air France e um terceiro, que reúne a British Airways e a Ibéria.

Passagens continuarão caras

O presidente da TAP reconheceu, porém, não vê perspectivas para a redução dos preços das passagens, que estão caríssimas. Ele explicou que, depois da pandemia do novo coronavírus, houve uma mudança no mercado e a demanda está muito maior do que a oferta. Portanto, as companhias se sentem mais confortáveis para rentabilizar seus negócios. Sendo assim, os consumidores devem se preparar para conviver com valores elevados por um bom período. “Esse é um movimento global, resultado de algo que se passou depois da pandemia. Todos os economistas erram quando dizem ver uma crise no setor, que cresce bem acima do PIB (Produto Interno Bruto)”, afirmou.

Para Rodrigues, é de extrema importância que seja construído um novo aeroporto em Portugal, uma vez que o maior do país, o de Lisboa, está saturado. “É difícil justificar um aeroporto no centro da cidade, e Portugal não é só Lisboa”, disse. As negociações para um novo terminal se arrastam há anos e, agora, entraram em modo espera por conta da troca de governo. Antes de deixar o cargo de primeiro-ministro, António Costa apresentou um projeto para que o novo aeroporto seja construído em Alcochete, há cerca de 35 quilômetros da capital portuguesa. “Mas esta não é uma discussão que não queremos entrar”, frisou o executivo.

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