Um dia após as decisões dos bancos centrais do Brasil e dos Estados Unidos (Fed) sobre juros, a Bolsa de Valores de São Paulo (B3) aproveitou o bom humor dos mercados internacionais, operou no azul e registrou, ontem, novo recorde histórico, em meio a uma série de votações de matérias econômicas no Congresso Nacional.
O Índice Bovespa (Ibovespa), principal indicador da B3, fechou o pregão com alta de 1,06%, a 130.842 pontos, maior patamar desde junho de 2021, quando chegou a 130.776 pontos. No mês, o Ibovespa avançou 2,76% e, no acumulado do ano, registra salto de 19,24% — o melhor desempenho desde 2019.
Com o otimismo dos mercados, o dólar comercial recuou 0,12% em relação à véspera e fechou o dia negociado a R$ 4,915 para venda. O volume negociado na B3 somou R$ 34,2 bilhões, abaixo dos R$ 40 bilhões projetados pelos operadores.
Na quarta-feira, o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) decidiu manter os juros básicos no intervalo entre 5,25% e 5,50% e sinalizou cortes no próximo ano. Enquanto isso, o Comitê de Política Monetária do Banco Central do Brasil, o Copom, manteve o ritmo de redução da taxa básica da economia (Selic), que passou de 12,25% para 11,75% ao ano, e informou que manterá o ritmo atual de corte nos juros de 0,50 ponto percentual "nas próximas reuniões". O BC tem adotado um tom de cautela, reduzindo as chances de uma redução maior na Selic, de 0,75 ponto percentual.
Fernando Honorato, economista-chefe do Bradesco, destacou que o fato de o Fed sinalizar que vai começar a cortar os juros no ano que vem embalou a alta da B3, que ficou acima de 130 mil pontos pela primeira vez em pouco mais de dois anos. "A decisão do Copom, não ajuda nem atrapalha essa dinâmica da Bolsa, porque o BC deixou claro que não vai acelerar o corte na Selic e vai manter o compromisso de um corte lento nos juros", explicou.
Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, também atribuiu ao Fed o impulso da B3 ontem. "Com o banco central dos EUA diminuindo as expectativas de juros, os investidores se animam a buscar mais risco", afirmou. Ele reconheceu que ainda é incerto se haverá fôlego para o Ibovespa continuar nesse patamar mais elevado. "Vamos ver. O volume de negociação na Bolsa está bem reduzido", disse.
Apesar da expectativa de continuidade de queda nas taxas de juros globais e de alta das commodities, os ativos de risco tiveram dia positivo, "mas com sinais de exaustão", de acordo com Nicolas Borsoi, economista-chefe da Nova Futura. Ele lembrou que, ontem, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou queda nas vendas do varejo, que vieram abaixo das expectativas do mercado. Além disso, a derrubada do veto presidencial na proposta de prorrogação da desoneração da folha de pagamento das empresas também pesou na curva de juros local, com o meio da curva subindo mais de 10 pontos percentuais, segundo ele. "Na contramão da queda global do dólar, e da melhora nos termos de troca, o aumento dos riscos fiscais e as saídas de fim de ano pesaram no real, com o dólar fechando próximo da estabilidade, aos R$ 4,91", acrescentou.
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Máxima intradiária
Ao longo do dia, a B3 chegou a ficar acima de 131 mil pontos, registrando a máxima histórica intradiária, de 131.260 pontos, embalada pela perspectiva de que o Fed comece a reduzir os juros no início de 2024. Em Nova York, o Índice Dow Jones encerrou com alta de 0,43%, e a Nasdaq, bolsa das empresas de tecnologia, avançou 0,19%.
As ações da Dexco, empresa do setor de materiais de construção, registraram valorização de 4,79% no dia de ontem e lideraram as altas da B3. Na sequência, PetroRio registrou a segunda maior variação, de 4,54%, conforme os dados da B3.
Já os papéis da Casas Bahia e do Grupo Natura registraram as maiores, baixas, de 5,66% e de 5,22% respectivamente.
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