dívida pública

Dívida externa dos países pobres bateu recorde em 2022

De acordo com o relatório, espera-se que em 2023 e 2024 os custos do serviço da dívida dos 24 países mais pobres aumentem até 39%

Em 2022, os credores privados em grande parte se abstiveram de conceder crédito aos países em desenvolvimento -  (crédito: Jason Leung/ unsplash )
Em 2022, os credores privados em grande parte se abstiveram de conceder crédito aos países em desenvolvimento - (crédito: Jason Leung/ unsplash )
postado em 14/12/2023 15:09

Os países mais pobres pagaram um recorde de "US$ 443,5 bilhões [R$ 2,2 trilhões] em dívida pública" em 2022, forçando-os a negligenciar "necessidades críticas" como saúde e educação, de acordo com um relatório divulgado nesta quarta-feira (13) pelo Banco Mundial.

Esses países "correm o risco de enfrentar crises de dívida em um contexto de aumento dos custos dos empréstimos", adverte em comunicado.

O aumento das taxas de juros intensificou "as vulnerabilidades decorrentes da dívida nos países em desenvolvimento" e cerca de 60% deles "apresentam alto risco de superendividamento ou já estão nessa situação", alerta o relatório.

Segundo o relatório, o pagamento de juros consome uma parte cada vez maior das exportações dos países de baixa renda, e mais de um terço de sua dívida externa inclui taxas variáveis que podem aumentar repentinamente.

Em 2022, os 75 países que podem receber financiamento da International Development Association (IDA), uma instituição do Banco Mundial, pagaram um valor recorde de US$ 88,9 bilhões (R$ 440 bilhões) em custos de serviço da dívida (que inclui o pagamento do capital e dos juros).

De acordo com o relatório, espera-se que em 2023 e 2024 os custos do serviço da dívida dos 24 países mais pobres aumentem até 39%.

"Os níveis de dívida sem precedentes e as altas taxas de juros levaram muitos países a caminhar em direção a um cenário de crise no futuro", afirma Indermit Gill, um executivo do Banco Mundial, citado no texto.

Isso faz com que eles enfrentem "a difícil decisão de escolher entre pagar a dívida pública ou investir em saúde pública, educação e infraestrutura", acrescenta, pedindo uma solução, pois "a alternativa é mais uma década perdida".

A apreciação do dólar americano também não ajudou, pois "agrava as dificuldades" e torna ainda mais caro para os países efetuarem os pagamentos.

"Nessas circunstâncias, um novo aumento nas taxas de juros ou uma forte queda nas receitas de exportação poderiam levá-los ao limite", afirma o Banco Mundial.

Tudo isso em um contexto em que as novas opções de financiamento para esses países diminuíram. Em 2022, os credores privados em grande parte se abstiveram de conceder crédito aos países em desenvolvimento.

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