Em parceria com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), a Agência Espacial Brasileira (AEB) pretende entrar em novos experimentos voltados ao agronegócio espacial.
Ao CB.Agro — parceria entre Correio e TV Brasília — desta sexta-feira (8/12), o presidente da Agência Espacial Brasileira, Marco Antonio Chamon, explica que a assinatura revela um protocolo de intenções para trabalharem juntos na área de fazendas espaciais. “ Embora o projeto seja relativamente novo no Brasil, ele já tem um tempo lá fora. Há uns 10 anos, em torno de 2014, a Nasa fez alguns experimentos na estação espacial plantando algumas hortaliças, legumes, para ver como eles conseguiriam sustentar astronautas por mais tempo no espaço. E agora nós entramos nessa também”, revela.
“A ideia é a seguinte: com o primeiro passo da Nasa para uma permanência humana na Lua, em Marte e no espaço cósmico de uma forma geral, a permanência exige uma produção local de oxigênio, de água e, particularmente, de comida”, completa Marco. O presidente adiciona que a contribuição que o Brasil pode dar sobre agricultura é de grande importância. “Essa primeira aproximação da Agência Espacial Brasileira com a Nasa é, principalmente, para oferecer esse conhecimento que nós temos para a área espacial”.
Marco explica que o projeto funciona com a seleção de batata doce e o grão-de-bico pela Embrapa para serem experimentadas no espaço. A escolha dos dois alimentos foi pensada com cuidado para a nutrição, pois tem valor energético, valor proteico alto e pelo fato de crescerem rapidamente, o que permite visualizar os resultados em várias gerações. “É preciso saber que não sabemos a priori o que vai acontecer, pode dar certo e pode não dar, mas essa é a ideia da pesquisa. É um projeto de longo termo”, relata.
Veja a entrevista na ìntegra:
Em termos de plantação, os métodos utilizados podem ser a aeroponia, técnica que mantém as plantas suspensas no ar enquanto elas crescem, e a hidroponia, cultivo por uma solução de água enriquecida com nutrientes. “É uma novidade, não é o usual, mas ela vai fazer essa tentativa justamente para poder fugir da questão da terra”, esclarece o presidente.
“Eu vejo três grandes áreas nas quais o agro de forma geral pode se beneficiar. Se nós aprendermos a cultivar de forma mais eficiente, com menos água, menos nutrientes, e ainda assim obtermos plantas de qualidade alimentícia, nós temos um ganho, e esse ganho pode ser trazido para a Terra. O ambiente espacial é muito hostil, tem radiação, tem microgravidade, tem falta de oxigênio, e se nós conseguirmos contornar isso, ou seja, plantar em um ambiente agressivo, essas técnicas de plantação podem ser recuperadas para áreas que hoje são consideradas muito difíceis de serem da agricultura. Estamos fazendo pesquisas e buscando essas alternativas”, finaliza Marco Antonio Chamon.
*Estagiária sob supervisão de Renato Souza
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