Arábia Saudita

Visita a sauditas rende promessa de US$ 10 bilhões em investimentos

Entre os setores de interesse estão projetos na área de energia limpa, hidrogênio verde, defesa, ciência e tecnologia, agropecuária e aportes em infraestrutura conectados ao Novo PAC

Comitiva brasileira que foi à COP28 se reuniu com primeiro-ministro da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman, para discutir o fortalecimento das relações bilaterais -  (crédito: Ricardo Stuckert / PR)
Comitiva brasileira que foi à COP28 se reuniu com primeiro-ministro da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman, para discutir o fortalecimento das relações bilaterais - (crédito: Ricardo Stuckert / PR)
postado em 03/12/2023 03:55

A parceria do Brasil com a Arábia Saudita vem de longa data e promete se intensificar no mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Na última semana, a comitiva brasileira que participa da Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2023, a COP28, se reuniu com o príncipe herdeiro e primeiro-ministro da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman em Riad, para discutir o fortalecimento das relações bilaterais e os investimentos nas duas direções.

O encontro foi promissor, dele saiu o indicativo de investimento de US$ 10 bilhões do reino do Oriente Médio no Brasil até 2030. Entre os setores de interesse estão projetos na área de energia limpa, hidrogênio verde, defesa, ciência e tecnologia, agropecuária e aportes em infraestrutura conectados ao Novo PAC — Programa de Aceleração do Crescimento.

Para o presidente da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), Jorge Viana, em 2023, as relações econômicas e de negócios entre os dois países ganharam novos e promissores rumos. "Estamos falando de um país que tem um dos maiores fundos soberanos para investimento no mundo, e estamos falando do nosso país, que tem talvez as maiores e melhores oportunidades para receber investimentos", disse Viana, que afirmou que o órgão avalia abrir um escritório na capital saudita.

Um dos caminhos propostos pelo Brasil para a concretização dos investimentos sauditas é a criação de um fundo comum, com a participação do BNDES e recursos sauditas. O tema será debatido nos próximos meses pela Apex.

O presidente da agência de promoção de exportações mencionou ainda investimentos de US$ 2,6 bilhões da Vale. A Arábia Saudita é o principal parceiro comercial do Brasil no Oriente Médio. A corrente bilateral foi de mais de US$ 8 bilhões em 2022 e somou mais de US$ 5,5 bilhões até outubro deste ano. As exportações brasileiras para a Liga Árabe podem registrar novo recorde de receita em 2023 na perspectiva da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira, que acompanha o comércio com o bloco de 22 países do Oriente Médio e norte africano.

De janeiro a agosto, os embarques brasileiros para a região renderam US$ 12,528 bilhões, avanço de 9,93% na comparação com o mesmo período do ano anterior, com as vendas entrando no último quadrimestre em ritmo estável e sinalizando um possível novo marco.

A entidade também acredita que o comércio deve gerar em 2023 um superavit para o Brasil na casa provável dos US$ 6 bilhões, em função do recuo 30,54% das vendas árabes ao país, que no período somaram US$ 6,931 bilhões e foram prejudicadas pela queda nos preços do petróleo e dos fertilizantes, os itens de destaque na pauta árabe.

Credenciais

Apesar de o principal motivo da viagem de Lula ser apresentar as credenciais do Brasil ao mundo na conferência climática, a comitiva brasileira aproveitou o último giro internacional de 2023 para atrair investimentos para setores estratégicos para o governo. A relação Brasil-Arábia Saudita vem se estreitando nos últimos anos, mas também é alvo de polêmicas.

Viagens oficiais ao país durante o governo de Jair Bolsonaro (PL) são atualmente tema de inquérito da Polícia Federal no Brasil. Foi Salman quem presenteou o ex-presidente com os conjuntos de joias não declaradas. Agora, a postura é criticada por mandar mensagens contraditórias sobre o compromisso do Brasil com direitos humanos e com o clima, pois o país é o maior exportador de petróleo do mundo.

Para Tamer Mansour, secretário-geral da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira, a parceria entre os países também pode render bons frutos no ponto de vista da transição energética. "Assim como os países árabes, há no Brasil muito potencial para ampliar o uso de energias renováveis, principalmente de origem eólica, solar e biomassa, dada a vocação do nosso país para esse tipo de geração. Não há dúvidas de que o Brasil poderia se beneficiar da expertise que os árabes estão construindo na geração em grande escala de eletricidade de baixo carbono com a adoção aqui de tecnologias e métodos de efetividade já comprovada por eles", afirmou.

Mansour mencionou que os fundos soberanos dos países árabes, que têm US$ 2,3 trilhões em recursos imediatamente disponíveis para investimentos, têm entre as prioridades aportes em projetos de energia limpa dentro e fora dos territórios árabes. "Os árabes têm por tradição investir em atividades produtivas em várias partes do mundo, com prioridade sobre os setores de segurança alimentar, logística e infraestrutura. Nada impediria que eles investissem também em geração de energia limpa no Brasil, aproveitando sinergias, como a vocação do nosso país para energia eólica, solar e de biomassa oriunda das cidades e do agronegócio", avaliou.

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