Conjuntura

Setor cultural perde participação na economia, aponta IBGE

A participação da receita líquida dessas empresas em relação às demais atividades também caiu de 7,9% para 5,8% em uma década

O levantamento faz uma radiografia de empresas e ocupações ligadas ao ramo cultural, como companhias de teatro, cinema e casas de espetáculos -  (crédito: Minervino Junior/CB)
O levantamento faz uma radiografia de empresas e ocupações ligadas ao ramo cultural, como companhias de teatro, cinema e casas de espetáculos - (crédito: Minervino Junior/CB)
postado em 01/12/2023 13:40

Na última década, empresas voltadas para o setor cultural perderam peso em relação às companhias que tem como foco outras atividades econômicas, como indústria de transformação, comércio e serviços. Segundo dados do Sistema de Indicadores Culturais, divulgados nesta sexta-feira (1º/12) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a participação das atividades culturais no total do país caiu de 7,3% em 2011 para 6,7% em 2021.

O levantamento faz uma radiografia de empresas e ocupações ligadas ao ramo cultural, como companhias de teatro, cinema, casas de espetáculos, museus, editoras, empresas de design e de comunicação. A participação da receita líquida dessas empresas em relação às demais atividades também caiu de 7,9% para 5,8% em uma década, ficando em R$ 740,8 bilhões em 2021.

De acordo com o estudo, essa queda da participação da cultura no valor adicionado total da economia, de 10,8% para 8% na década, teve como marco o período da pandemia de covid-19. “É esperada uma recuperação em 2022, com o setor voltando à sua estrutura, mas ainda não no nível de 2019", disse o analista da pesquisa, Leonardo Athias

A pesquisa aponta que o segmento tem proporção maior de empregos informais, se comparado ao total das atividades econômicas. No entanto, é composto por trabalhadores mais qualificados e pagam maiores salários.

Trabalhadores

Em 2021, o setor cultural ocupava 5,4 milhões de pessoas no país. Isso representa 5,6% do total de ocupados em todas as atividades econômicas. Dos trabalhadores, 30,6% tinham ensino superior completo, nível de escolaridade que fica acima da média do total das atividades econômicas.

Apesar de mais qualificados, esses profissionais lidavam com maior nível de informalidade. Enquanto no total da economia a taxa de informalidade era de 40,9%, na área cultural alcançava 43,2%. No entanto, a proporção de informalidade não significa salários menores. Enquanto no país o rendimento médio ficou em R$ 2.582, entre os trabalhadores dos setores relacionados à cultura a cifra era de R$ 2.815.

A desigualdade entre os salários de homens e mulheres na economia como um todo se reproduz também no universo cultural. Elas receberam, em média, R$ 2.510, enquanto eles, R$ 3.087, uma diferença de 23%.

As mulheres representavam 43,7% dos assalariados do setor e estavam mais presentes nas atividades de Educação e Capacitação (68,2%), Artes visuais e artesanatos (64,5%) e Livro e imprensa (53,1%). Os homens predominavam em Mídias audiovisuais e interativas (62,4%), Equipamentos e materiais de apoio (61,8%) e Apresentações artísticas e celebrações (56,7%).

Consumidores

A pesquisa aponta ainda uma mudança no hábito dos consumidores ligados à tecnologia, que alteraram a dinâmica do setor cultural. “De 2019 para 2021, houve ganho em algumas atividades relacionadas à publicidade e à Internet, enquanto as telecomunicações, TV aberta e por assinatura tiveram perda de importância no valor adicionado. Isso indica mudanças de hábitos, como o aumento do streaming e outros tipos de fruição, em relação ao que se tinha antigamente”, observou o analista da pesquisa.

 

 

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