O Ministério da Fazenda reduziu de 3,2% para 3% a projeção de crescimento da economia em 2023. Relatório divulgado pela Secretaria de Política Econômica (SPE) aponta a queda da expectativa de variação do PIB no terceiro trimestre, de 0,1%, no documento de setembro, para 0% agora, como motivo da revisão. Para 2024, a SPE também alterou para baixo a previsão de crescimento econômico — de 3,2% para 2,2%.
A perda de fôlego da economia no período julho-setembro já vinha sendo apontada por indicadores setoriais, como os de produção industrial e de oferta de serviços. Nesta terça-feira (21/11), o Monitor do PIB, calculado pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV), mostrou que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro ficou estagnado no terceiro trimestre de 2023, na comparação com os três meses anteriores. Em setembro, isoladamente, a atividade econômica encolheu 0,6%.
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De acordo com a FGV, "a estagnação do PIB reflete a fragilidade de sustentação de crescimento da economia brasileira". Segundo a fundação, "a desaceleração da agropecuária e do setor de serviços explica a estagnação da economia pela ótica da oferta". Pela ótica da demanda, acrescenta a entidade, "destacam-se a desaceleração do consumo das famílias e a queda da Formação Bruta de Capital Fixo", indicador que mede os investimentos. Em relação ao terceiro trimestre de 2002, o indicador dos investimentos caiu 5,3%.
Consumo das famílias resiste
O Monitor do PIB antecipa a tendência do principal índice da economia a partir das mesmas fontes de dados e metodologias empregadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), responsável pelo cálculo oficial das Contas Nacionais. O IBGE deverá divulgar o PIB do terceiro trimestre em 5 de dezembro.
Apesar da avaliação geral negativa, a FGV ressaltou o comportamento positivo do consumo das famílias. "Embora tenha crescido em menor ritmo, o consumo das famílias apresentou, pela nona vez, variação positiva no terceiro trimestre, demonstrando grande resiliência, apesar do ambiente de juros elevados e do alto grau de endividamento", afirma nota assinada pela economista Juliana Trece, coordenadora do Monitor do PIB.
Inflação controlada
O ritmo mais lento da economia, por outro lado, tem permitido maior controle da inflação neste ano. O Relatório do Ministério da Fazenda revisou para baixo a projeção para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2023. A estimativa passou de 4,85% para 4,66%, abaixo do teto da meta fixada para o ano, que é de 4,75%. Já para 2024, a previsão subiu de 3,40% para 3,55%.
O secretário de Política Econômica do Ministério, Guilherme Mello, afirmou que o Brasil figura como "um dos países mais resilientes ao cenário de turbulência na economia global", o que ele classificou como uma novidade. Para o secretário, isso reflete confiança no Brasil e a estabilização do ambiente macroeconômico no país.
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