A onda de calor, que tem feito o consumo de energia bater recordes, deve encarecer a conta de luz não só pelo aumento de demanda, mas também pelo acionamento de usinas termelétricas, que geram eletricidade a um custo mais alto. Estimativas da Associação Brasileira das Empresas de Serviços de Conservação de Energia (Abesco) apontam que a fatura do mês de novembro será ao menos 5% mais cara do que a paga no mesmo período do ano passado.
Embora os reservatórios estejam em níveis considerados confortáveis, já que em breve deve se iniciar o período chuvoso, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) tomou uma série de medidas emergenciais para suprir a alta demanda, entre elas o acionamento de termelétricas a carvão, a gás e a diesel, além de importação de energia de países vizinhos, como Uruguai e Argentina.
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As térmicas foram acionadas para complementar a energia gerada pelo sistema primário — das hidrelétricas —, tendo em vista o aumento de 63% na demanda por energia desde a chegada da onda de calor. Mais caras e mais poluentes, as termelétricas conseguem dar uma resposta mais rápida à alta demanda, além de ajudar a poupar a água dos reservatórios.
Segundo o engenheiro elétrico do Instituto Ilumina, Roberto D'Araújo, o acionamento foi feito para dar uma resposta mais rápida regionalmente para os picos de consumo. "A energia elétrica já está cara há muito tempo, mas essas termelétricas estão sendo ligadas em situações muito diferentes das que passamos no período de escassez hídrica. Elas foram ligadas por estarem mais perto das fontes de consumo, que estão variando drasticamente nas cidades. Evidentemente haverá um impacto na tarifa, também pela alta do consumo", afirmou.
Margem de operação
O professor de Engenharia Elétrica da Universidade de Brasília (UnB) Ivan Camargo destacou que o sistema elétrico brasileiro está sempre muito ligado à temperatura, mas que a situação não se compara à crise hídrica do início dos anos 2000. "Felizmente, o nosso sistema, que é eminentemente hidráulico, está com seus reservatórios cheios, de forma que o ONS tem margem de operação", disse.
"As térmicas usam combustíveis fósseis, que são caros e aumentam a conta. Se tivéssemos uma situação delicada como a de 2001, com certeza teríamos um aumento significativo da conta. Hoje, com os reservatórios cheios, é muito provável que esse consumo excessivo não tenha nenhum efeito na conta da gente", emendou.
O ONS também divulgou, ontem, a estimativa de que o país deve alcançar uma carga de energia de 81,44 gigawatts (GW) em novembro. Esse seria o recorde histórico de demanda, impulsionado pelas altas temperaturas, que aumentam o uso de equipamentos de refrigeração. A carga de energia já bateu recordes nesta semana, alcançando pico de 101,47GW na última terça-feira. A projeção para o mês representa um crescimento de 13,3% em relação a novembro do ano passado, acima dos 11,0% previstos na semana anterior.
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