Apagão em SP

Após apagão, prefeito de São Paulo quer cassar concessão da Enel

Ricardo Nunes (MDB) questiona capacidade da concessionária de energia de atender a população da cidade, que sofreu dois apagões em 15 dias

Depois dos temporais na noite da última quarta-feira (16/11), a capital paulista enfrentou o segundo apagão em duas semanas, que deixou 290 mil residências sem energia. Até a noite de ontem, a concessionária Enel Distribuidora ainda trabalhava para restabelecer o serviço em alguns bairros, situação que escalou a irritação do prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), que agora quer o cancelamento do contrato da companhia italiana.

Nunes disse que questionou a capacidade técnica da companhia e pediu à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) o cancelamento da concessão da empresa. Segundo ele, a demanda não aconteceu apenas em função do último apagão — que criou mais transtornos aos paulistanos ao longo do dia de ontem, com a piora do trânsito em função de semáforos desligados —, mas devido à sucessão de problemas nos últimos meses.

"O problema é grave, e não é só por conta da falta de resposta nesses adventos das rajadas de vento e das chuvas. É um problema que a prefeitura vem discutindo há bastante tempo. Eles precisam melhorar muito", disse Nunes em entrevista coletiva, nesta quinta-feira (16/11).

Os problemas da distribuidora não são novos. Desde o apagão de 3 novembro, quando 2 milhões de pessoas ficaram sem energia na capital paulista, e a empresa levou mais de uma semana para restabelecer completamente o fornecimento na cidade, a concessionária enfrenta pressão da opinião pública e de autoridades, inclusive de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Assembleia Legislativa de SP (Alesp).

No apagão do início do mês, a Enel atribuiu a demora no restabelecimento dos serviços à lentidão da administração de Ricardo Nunes no trabalho de poda das árvores que caíram sobre a rede elétrica. A prefeitura, porém, não aceitou as desculpas da concessionária e entrou na Justiça para obrigar a empresa a tomar medidas urgentes para restabelecer a distribuição de energia e apresentar um plano de contingência para o período de chuvas. Ricardo Nunes cobra da Enel, ainda, o cumprimento de um convênio para o manejo de árvores, firmado em 2022.

Liminar

A Prefeitura conseguiu uma liminar da juíza Laís Lang, da 2ª Vara da Fazenda Pública do Tribunal de Justiça de São Paulo, que obriga a Enel a formular um plano de contingência para assegurar a continuidade do serviço de distribuição de energia elétrica na cidade.

"A gente já vinha há muito tempo discutindo com a Enel uma série de questões. Eu tenho, por exemplo, cinco Unidades Básicas de Saúde (UBS) que estão prontas aguardando a Enel fazer a ligação de energia. Eu tenho um conjunto habitacional para inaugurar na Vila Olímpia e a gente não consegue, porque a Enel, em cinco meses, não foi fazer a ligação de energia", completou o prefeito de São Paulo justificando o pedido de cancelamento do contrato.

 

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