O número de pessoas com dívidas em atraso no Brasil registrou queda pelo quinto mês seguido. A Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), em parceria com o Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), divulgou um recuo na quantidade de brasileiros inadimplentes no país. De acordo com a entidade, quatro em cada dez brasileiros (40,49%) estavam negativados em outubro deste ano, quando o volume de consumidores com contas atrasadas recuou 0,51% na comparação com o mês anterior.
Com mais uma queda, o número de brasileiros negativados chegou a 66,24 milhões no mês passado. Para o presidente da CNDL, José César da Costa, o resultado é fruto da queda no desemprego, alinhado com o sucesso parcial do programa Desenrola, que desde julho vem contribuindo para que brasileiros sem capacidade financeira para sair das dívidas possam quitar as contas em atraso.
“O número de brasileiros empregados no país é o maior da história e temos ainda um cenário econômico mais equilibrado, com juros em queda e melhoria na renda da população. Aliado a tudo isso, ainda há o Desenrola, que contribuiu para a queda da inadimplência”, destaca César da Costa.
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Aumento na comparação anual
Mesmo com a quinta queda consecutiva na avaliação mensal, o número de inadimplentes ainda é maior do que o observado há um ano. Na comparação com outubro de 2022, o indicador apresentou aumento de 4,14%. Apesar disso, o presidente do SPC Brasil, Roque Pellizzaro Júnior, avalia que o ritmo de queda mensal deve continuar por um período mais longo.
“Com o pagamento do 13º salário e o movimento dos trabalhos temporários no final do ano, a tendência é de queda na inadimplência para os próximos meses. Por isso, é importante que o consumidor aproveite essa fase para acertar as contas e não extrapolar nos gastos”, aponta Pellizzaro Júnior.
Entre os que estão negativados, a maioria tem dívidas em atraso por um período entre 1 e 3 anos (39,53%). No mês passado, houve um aumento de 25,31% nessa fatia. Além disso, quase a metade dos brasileiros (48,32%) entre 30 e 39 anos - a faixa etária com a maior proporção de inadimplentes - estão negativados. Por sexo, a participação dos devedores segue bem distribuída, sendo 51,1% mulheres e 48,9% homens.
Como quitar as dívidas
Para Daniel Sakamoto, mestre em Políticas Públicas e Governo pela Fundação Getulio Vargas (FGV), é importante identificar e priorizar as dívidas com maior incidência de taxas de juros. “Aquelas dívidas que têm um juros maior são aquelas dívidas que você deve quitar primeiro”, afirma o especialista.
Segundo Sakamoto, ir atrás de quitar primeiro as dívidas com juros maiores, através de negociação com o banco e os credores, além de buscar reduzir as despesas do dia-a-dia, deve ser o primeiro passo para sair do vermelho. “Isso é fundamental para você não entrar naquela bola de neve e ter sua dívida aumentando mês a mês. Então, identificar as dívidas com a maior taxa de juros é o fundamental para você conseguir sair dessa situação difícil”, aconselha.
*Estagiário sob a supervisão de Pedro Grigori