CONJUNTURA

Inflação desacelera em outubro, mas fica abaixo da expectativa do mercado

IPCA de outubro foi de 0,24%, interrompendo três meses de trajetória de alta. Variação ficou abaixo da expectativa do mercado

Depois de três meses em alta, a inflação oficial, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), desacelerou em outubro, registrando avanço de 0,24% em relação a setembro, quando o indicador subiu 0,26%. Os dados foram divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A variação do IPCA ficou abaixo da mediana das estimativas do mercado coletadas pelo Banco Central, de 0,28%, mas houve piora na dispersão da carestia entre os produtos pesquisados. O índice de difusão do IPCA passou de 43%, em setembro, para 53% no mês passado. Contudo, o indicador ficou abaixo da taxa de dispersão de outubro de 2022, de 67,9%. A média dos núcleos, de 0,26%, também ficou abaixo do esperado pelo mercado, em torno de 0,30%.

No acumulado do ano, a alta do IPCA é de 3,75% e, em 12 meses até outubro, a carestia registra aumento de 4,82% — acima do teto da meta de inflação, de 4,75%.

Conforme os dados do IBGE, somente um dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados registrou queda de preços em outubro, o de comunicação, com baixa de 0,11%. Alimentação e bebidas e transportes foram os dois grupos que apresentaram maior impacto no IPCA de outubro, cada, e elevações de 0,31% e de 0,35%, respectivamente.

O item passagem aérea foi um dos que mais contribuiu para a alta da carestia de outubro, ao registrar aumento de 23,70%, após avançar 13,47% em setembro. Mas, no acumulado em 12 meses, a variação foi de 3,31%. Entre os alimentos, a manga liderou as altas de preços, com 13,05%, no mês passado e 60,71% no acumulado do ano. Na sequência, a cebola e a batata-inglesa registraram aumentos de 11,23% e de 8,46%, respectivamente.

Apesar da desaceleração do IPCA em outubro, a expectativa de analistas para novembro é de aceleração no índice de preços. Nas contas de Fabio Romão, economista da LCA Consultores Associados, a inflação vai subir 0,35% devido às pressões nos grupos de alimentação e bebidas, comunicação e habitação — neste último caso, devido ao fim do processo deflacionário da energia elétrica residencial. "Em sentido contrário, os descontos — ligados, em boa medida, à Black Friday —, nos grupos artigos de residência, vestuário e saúde e cuidados pessoais poderão mitigar esta aceleração entre outubro e novembro", aposta.

Previsões

Após a divulgação dos resultados do IBGE, Romão manteve as previsões anteriores para o IPCA. "O dado de outubro reforçou nossa expectativa de alta de 4,7%, em 2023. Para 2024 mantivemos a projeção de aumento de 4%, uma desaceleração em relação a este ano, na esteira do alívio esperado para o conjunto de preços administrados, bem como nova descompressão em serviços", afirmou.

Sergio Vale, economista-chefe da MB Associados, também não alterou as estimativas para o IPCA deste ano e do próximo, de 4,6% e 4%, respectivamente, mas reconheceu que ainda existem incertezas em relação à redução das pressões inflacionárias em curso. "Existem elementos de preocupação, especialmente em serviços que estacionou ao redor de 5,5% e não sai disso. Para o ano que vem, os riscos vêm de commodities, com alimentos puxando os preços e podendo ter alta de 4,8%, na nossa projeção. Por enquanto mantemos o IPCA em 4%, mas há riscos de ele ser maior do que isso. O que vai ajudar é um câmbio estável e um crescimento mais baixo. Não é uma inflação preocupante, apenas não será possível chegar perto da meta", afirmou. A meta de inflação do próximo ano é de 3%, com teto de 4,50%.

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