O Banco Central (BC) confirmou, ontem, que os cortes na taxa básica de juros continuarão a ocorrer em meio ponto percentual nos próximos encontros do Comitê de Política Monetária (Copom). Com isso, no final de janeiro, a taxa Selic deve cair para 11,25% ao ano. Porém, ressaltou a necessidade de o governo perseguir as "metas fiscais já estabelecidas". A avaliação consta da ata da última reunião do Copom, que, na semana passada, reduziu os juros básicos para 12,25%.
"Tendo em conta a importância da execução das metas fiscais já estabelecidas para a ancoragem das expectativas de inflação e, consequentemente, para a condução da política monetária, o Comitê reafirma a importância da firme persecução dessas metas", afirma a ata. O documento observa que aumentou a incerteza sobre a capacidade do governo de cumprir a meta de zerar o deficit público em 2024. O colegiado também destacou que as expectativas desancoradas para a inflação são "um fator de preocupação".
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Para o comitê, o corte de 0,5 ponto percentual da Selic nas próximas reuniões "é o ritmo apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário", considerando as atuais projeções econômicas. O BC, porém, dá mostras de preocupação com o debate recente, provocado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, sobre a mudança da meta fiscal de 2024.
O presidente da autarquia, Roberto Campos Neto, disse que a redução de 0,5 ponto percentual da taxa Selic nas próximas duas reuniões do Copom é "um ritmo apropriado" para a queda dos juros no horizonte visível. Porém, destacou que não é possível fazer previsões para além deste período, devido à conjuntura mais complicada no exterior e às "incertezas no cenário local".
Campos Neto fez palestra, ontem, em evento organizado pelo Bradesco Asset Management. Ele disse apoiar a posição do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, de manter a meta de deficit zero nas contas públicas para 2024, e alertou que mudar a meta pode causar incertezas e aumentar o risco fiscal no futuro.
Visibilidade
"Temos visibilidade para falar das duas próximas reuniões (do Copom)", declarou Campos Neto. "Porém, o cenário de incerteza não permite fazer previsões de prazo maior. O cenário global se complicou com os juros altos. E tem algumas incertezas no cenário local. Sinalizar muito mais do que isso, não vai ter o valor esperado", acrescentou. "A gente apoia a iniciativa do ministro Haddad de cumprir a meta", disse Campos Neto. "O Brasil precisa fazer o dever de casa, precisa ter um fiscal arrumado."
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