Os Estados Unidos propuseram nesta quinta-feira (2) à América Latina "trabalhar juntos" para diversificar as cadeias de suprimentos, após a chegada de líderes a Washington para uma cúpula de desenvolvimento regional.
"Os Estados Unidos trabalham com aliados no que chamo de 'friendshoring', que é a diversificação das cadeias de suprimentos com uma variedade de aliados confiáveis e parceiros", disse a secretária do Tesouro, Janet Yellen, durante o Fórum de Investimento Responsável co-organizado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).
É preciso aproveitar a "oportunidade única de trabalhar mais estreitamente juntos" neste campo, porque "proporciona um tremendo benefício para o crescimento" na América Latina e no Caribe, afirmou.
"A diversificação não fornece apenas a oportunidade de um aumento significativo no comércio, mas também inovação", como em semicondutores, exemplificou Yellen.
A América Latina e o Caribe "têm uma oportunidade única, que faz parte da solução para nossas dificuldades compartilhadas em nível mundial", disse o presidente do BID, Ilan Goldfajn.
Oportunidades
Uma das oportunidades é ser fonte de energias limpas para o mundo.
A região abriga o dobro de energias renováveis que outras áreas, dois terços do lítio mundial e uma grande quantidade de cobre, essenciais para a transição energética.
Os dois falaram diante dos presidentes do Uruguai, Luis Lacalle Pou; da República Dominicana, Luis Abinader; da Costa Rica, Rodrigo Chaves; do Equador, Guillermo Lasso; do Chile, Gabriel Boric; e do Peru, Dina Boluarte, assim como da ministra das Relações Exteriores do México, Alicia Bárcena, entre outros.
Todos são membros da Aliança para a Prosperidade Econômica nas Américas (Apep), junto com os Estados Unidos, Colômbia, Panamá, Canadá e Barbados.
Os países latino-americanos estão "tentando se abrir para o mundo" com mais ou menos sucesso, mas quando o presidente dos EUA, Joe Biden, lança uma cúpula e "estabelece uma agenda, move o restante", o setor público e o privado, observou Lacalle Pou.
Os líderes destacaram a importância de passar da teoria, dos "diagnósticos", como disse Abinader, para os "fatos" com "projetos específicos".
Embora gratos pela iniciativa de Biden, lançada em 2022 na Cúpula das Américas em Los Angeles, os líderes consideram que as relações com Washington deixam a desejar.
"Os Estados Unidos perderam influência na América Latina nos últimos anos, e a maneira de recuperá-la não é com hegemonia, mas sim com colaboração", ressaltou o presidente chileno.
O Chile está preocupado com "o protecionismo no mundo" em geral e com relação aos Estados Unidos, "as possíveis consequências" da lei de redução da inflação de Biden, que oferece grandes subsídios às empresas que operam em território americano, disse Boric.
O costarriquenho Rodrigo Chaves repreendeu Washington por tratar "todos os países da região sem diferenciação suficiente na parte econômica", porque alguns cumprem "sua parte".
"Janelas abertas"
A cúpula de sexta-feira gera grandes expectativas.
"Deve ajudar a melhorar os fluxos comerciais em um mundo articulado", afirmou Boluarte, que, como todos os participantes, enfatizou que a iniciativa não deve ficar apenas no papel, mas se concentrar em "soluções concretas e eficazes" com uma visão "pragmática".
Lasso espera que o evento também aborde a segurança, pois, embora não haja conflitos entre os países da região, existe "um inimigo comum que é o narcotráfico e o tráfico de pessoas", a mineração ilegal e a violência nas prisões e nas ruas.
A chanceler mexicana também mencionou o meio ambiente e a migração, dois problemas com os quais todos os países lidam.
"Nenhum problema pode ser resolvido por um único país, e existem muitos", declarou no fórum o assessor de Biden para as Américas, Christopher Dodd, que descreveu a Apep como uma nova plataforma concebida "para lidar com questões do futuro".
Dodd está otimista: "Há janelas que se abrem e janelas que se fecham", mas "estamos em um momento de janelas abertas" para o crescimento no século XXI.